O rosto e as ideias de Antonio Gramsci

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A jornalista e cientista política curitibana Daniela Mussi, estudiosa da obra do intelectual Antonio Gramsci, lança hoje, às 11 horas, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) o livro Política e Literatura:Antonio Gramsci e a Crítica Italiana (Editora Alameda),sobre o pensamento do italiano acerca de arte e literatura. A obra é fruto de sua pesquisa de mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), orientada pelo professor Álvaro Bianchi, especialista em estudos sobre Gramsci no país.

No livro, Daniela analisa os aspectos culturais levantados por Gramsci como, por exemplo, as análises literárias dele sobre o porquê uma obra se torna conhecida ou não. Ou seja, a definição do gosto popular.

Além do lançamento, quem for ao MAC também poderá ver uma raridade: será exibida ao público, pela primeira vez, um desenho de Gramsci feito pelo gravurista Lívio Abramo (1903-1932), que integra o acervo do museu e foi restaurado há alguns anos. O retrato do artista foi parte de uma campanha para a libertação do intelectual, que havia sido preso pela ditadura de Benito Mussolini. "Também é a oportunidade de ver um dos poucos desenhos feitos por Lívio, que era gravador", salienta Daniela.

Brasileiro descendente de italianos, Lívio era ativista político em São Paulo, e sua obra, considerada um dos primeiros registros da chegada de Gramsci e de suas ideias no país, foi realizada em um momento em que, segundo Daniela, muitas pessoas se organizavam em uma plataforma política de enfrentamento ao integralismo, uma espécie de expressão brasileira do fascismo.

Acervo

A pesquisadora soube da existência do desenho no MAC, intitulado por Lívio de O Retrato Ideal de Antonio Gramsci, pelo escultor argentino Alfi Vivern (que já foi diretor do museu), e ressalta a importância da divulgação da obra– há poucas imagens do intelectual disponíveis. "Os pesquisadores têm muita dificuldade em encontrar imagens para os trabalhos, e a mesma foto é usada várias vezes", conta Daniela.

O desenho estará em exposição somente durante o lançamento (que vai até às 15 horas). Depois, o trabalho retorna para a reserva técnica do Museu Oscar Niemeyer (MON), onde está guardada.