"Eu nem quero saber de fotografar nada, só quero curtir bem esse momento." Em tempos de câmeras minúsculas, smartphones e afins, parece quase impossível ouvir essa frase de uma fã que aguarda ansiosamente por um show minutos antes do seu início. Mas Ney Matogrosso, que esteve na noite de sábado (17) em Curitiba com o show "Atento aos Sinais" sua segunda apresentação na cidade este ano - hipnotiza tanto a plateia que até as câmeras ficaram um pouco mais "quietas."
Com um Teatro Guaíra lotado, Ney surgiu impecável e pontual às 21h10, vestindo um chamativo colete de pele preto e botas que ultrapassavam os joelhos. O figurino, a linda cenografia (com direito a muitas fotografias e até bolhas de sabão que tomaram todo o teatro), somado a sua interpretação forte e única levaram a plateia, sobretudo as mulheres, ao delírio. Gritos de "maravilhoso", "poderoso" e até "delícia" eram ouvidos o tempo todo no intervalo curto entre as músicas, divertindo o cantor.
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Ney voltou a Curitiba praticamente com o mesmo show que apresentou na capital em março, mas trouxe algumas atualizações. Por conta dos recentes protestos no Brasil, começou a apresentação com a música "Incêndio" (de Pedro Luís, do Pedro Luís e a Parede), que fala sobre caos nas ruas e vida nas grandes cidades. Logo no início, antes de um dos momentos mais marcantes do show , quando cantou "Vida Louca Vida" (de Lobão), Ney, no palco mesmo, disse que ia até ali "tirar uma roupinha", e deixou para trás o colete, gerando uma gritaria impressionante.
O cantor conversa pouco com o público, mas isso tampouco é necessário, pois Ney seduz e se comunica com os seus fãs unicamente pela interpretação. É impressionante também a juventude que ele preserva aos 71 anos. Sua voz e seu corpo continuam intactos. O cantor também traz ao repertório composições de jovens revelações como Maria Gadú e Criolo do rapper, a música "Freguês da Meia Noite", com a projeção da palavra love ao fundo, gerou um dos momentos mais bonitos do show.
Pedidos
Entre os diversos pedidos de música que ecoavam pelo Guaíra, "Poema" (Cazuza e Frejat) foi uma das mais solicitadas. Ao ouvir uma fã pedindo "por favor" pela música, Ney achou graça do sotaque e imitou o erre puxado, gerando risos na plateia. No único Bis, ele começou com "Amor", do Secos & Molhados, ganhou rosas das primeiras filas e fez todo mundo levantar e sambar com "Ex-Amor", de Martinho da Vila, que encerrou o show.
Enquanto gingava na beira do palco, se divertiu e não se importou com a mulherada que aproveitou para passar a mão nas torneadas coxas de Ney.
Senta ou levanta?
É difícil ter uma etiqueta rígida para shows em teatros, sobretudo quando o artista é Ney Matogrosso, mas o senta e levanta do público incomodou muita gente. Nas canções mais animadas, parte do público se animava para dançar, e os outros acompanhavam o ritmo. Porém, mesmo em músicas mais intimistas, algumas pessoas insistiam em ficar em pé, irritando os demais que precisavam gritar exaltados "senta" para poder enxergar o cantor.
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