Discoteca
Em conversa com a reportagem da Gazeta do Povo, quatro integrantes disseram o que estão ouvindo no momento. Confira o que chama a atenção dos músicos atualmente
Pedro Luís
"Não para de ouvir" o disco Tem Juízo Mas Não Usa, terceiro de Lula Queiroga. O trabalho do artista pernambucano se assemelha ao de Lenine. No último disco, programações eletrônicas dialogam com sons orgânicos típicos de Recife. Pedro Luís também destaca o trabalho do alagoano Vitor Pirralho, que se utiliza de rap e ritmos afro.
Sidon Silva
O que "não sai do aparelho" de Silva é o disco homônimo da banda Rabo de Lagartixa, lançado em 1998. O grupo de choro foi formado nos anos 1990 por jovens instrumentistas. Entre eles está Alessandro Valente, que também faz parte do Monobloco. A principal característica é a mescla entre elementos rítmicos tradicionais da música brasileira a concepções melódicas contemporâneas.
Mário Moura
Com o "IPod sempre no bolso", o músico se concentra em Groundation, banda de reggae norte-americana que trabalha também com metais e percussão. Eles se autoentitulam "spiritual roots reggae".
Leo Saad
"Nunca deixo de ouvir samba", diz. Fundo de Quintal e Zeca Pagodinho, Tereza Cristina e outros que mesclam gêneros, como a Spock Frevo Orquestra, estão sempre no gatilho.
Proponha-se a fazer um exercício criativo. Imagine "Bolero", de Maurice Ravel, animado por cavaquinhos e agogôs. Ou então jogue "Trenzinho do Caipira", obra mais famosa de Heitor Villa-Lobos, para repiques, chocalhos e surdos. Quatro dias depois do fim do carnaval carioca, foram essas e outras experimentações que uma multidão de 350 mil pessoas ouviu no Centro do Rio de Janeiro, quando o Monobloco fez seu tradicional arrastão por cerca de 1,2 quilômetro. Marcado por números expressivos são 150 pessoas na bateria quando o bloco vai às ruas e mais de 400 shows já realizados pelo mundo , o grupo comemora, com o lançamento do CD e DVD Monobloco 10, uma década de interessante carreira.Formado por cinco integrantes-fundadores da banda Pedro Luís e A Parede (Pedro Luís, Mário Moura, C.A Ferrari, Sidon Silva e Celso Alvim), o Monobloco vale-se da originalidade de pescar boas músicas em diversas fontes e reinventá-las de acordo com a característica musical predominante do grupo, notadamente o samba moderno, recheado de percussão e bateria. Por telefone, Pedro Luís e Sidon Silva tentaram explicar o segredo para tanto sucesso: além do arrastão no carnaval carioca, o grupo faz uma média de dez apresentações por mês em todo o país; com um formato batizado de Monobloco Show, os shows em Curitiba também arrastam uma multidão; e a banda tocou no Big Brother Brasilno último dia 10. "Não acreditamos em gênero bom ou ruim, e sim que existem músicas boas em cada gênero. Aí vamos buscá-las", diz Sidon Silva (tamborim, hit-hat, agogô e pratos). A generosidade para com a música brasileira, aliada à criatividade do combo, traz pérolas que soam interessantes quando ouvidas no rádio, por exemplo, ou tornam-se verdadeiros estopins quando o público acompanha os músicos.
No disco comemorativo, entre outras canções, estão "Isso Aqui Tá Bom Demais" (Dominguinhos/Nando Cordel), "Madalena do Jucú" (Martinho da Vila/Associação Dos Congadeiros D), "Alagados" (Bi Ribeiro/João Barone/Herbert Vianna) e "Pro Dia Nascer Feliz" (Frejat/Cazuza). Do rock ao baião, com a batida do samba.
"O nosso foco amplo funciona para atingir o cidadão de qualquer idade, de qualquer área. Para formar a bateria, por exemplo, desenvolvemos uma metodologia própria para incorporar não-músicos, o que acaba tornando o trabalho algo muito interessante", diz Pedro Luís (voz).
Oficina
A primeira batida surgiu em uma oficina de percussão em 2000. Os cinco fundadores ministraram um curso no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Ao final do primeiro ano, o grupo fez um desfile no Rio de Janeiro e se oficializou como um bloco, que tinha o diferencial de usar instrumentos característicos do samba para interpretar outros gêneros.
"A repercussão foi muito boa desde o começo. Uma parte importante é trabalhar e ensaiar muito, para fazer tudo bem feito. Também é complicado administrar um grupo de 30 músicos, mas superamos esse desafio", conta Silva." "Criamos um padrão de qualidade e corremos atrás dele".
Como Monobloco Show, o grupo ensaia duas vezes por semana. A oficina com o grupo aprendiz da bateria "Há jovens desocupados, aposentados e profissionais de todas as áreas", revela Luís , começa em maio e os ensaios seguem até o carnaval do próximo ano.
Curitiba
A dita frieza do público curitibano parece ter sido esquecida há algum tempo. É o que pensa Pedro Luís. "Isso a gente não experimentou, não. Um dos primeiros shows que fizemos em Curitiba foi justamente no formato de oficina de percussão. Sempre que vamos, somos muito bem recebidos", diz o músico, que fez grande show com a formação Pedro Luís e a Parede no Lupaluna 2009.
E o sucesso não é só no Brasil. Em 2007, o grupo tocou no Womad, na Inglaterra, festival criado por Peter Gabriel ex-Genesis. "Foi uma catarse. Tocamos até Stevie Wonder em versão Monobloco", brinca Sidon Silva. A turnê de divulgação do novo disco e DVD começa em abril, no Rio. Em junho, o grupo deve se apresentar no Japão. O Monobloco também estuda uma participação na Copa do Mundo de 2010, que acontece de 11 de junho a 11 de julho na África do Sul. É batuque pelo mundo inteiro.
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