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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

A paranóia do homem moderno de acreditar que há uma conspiração do sistema contra ele é o mote da nova série do casal de roteiristas Alexandre Machado e Fernanda Young, que juntos criaram "Os normais" (2001), "Os aspones" (2004) e "Minha nada mole vida" (2006). "O sistema" tem seis episódios que serão apresentados a partir de 2 novembro sempre às sextas-feiras, após o "Globo Repórter".

- A gente se acha vítima do sistema. É algo kafkaniano que nos leva a pensar que estamos sendo punidos, que seremos pegos. Esta paranóia nos leva a um campo mágico da imaginação - diz Fernanda Young, que se identifica com os personagens criados e os considera muito ingênuos e poéticos.

Para dar vida aos excluídos e perseguidos pelo sistema, foram escolhidos os atores Selton Mello, Graziella Moretto e Maria Alice Vergueiro, além de um trio de novos rostos vindo do teatro que faz sua estréia na TV: Lúcia Bronstein, Gregório Duvivier e Maíra Dvorek. A trama também tem seus vilões, os representantes do sistema. Quem os interpreta são Ney Latorraca, Zezé Polessa e Betty Gofman.

- É um programa criado por apaixonados por TV, uma comédia de ação, cheia de referências a seriados. Mas como não queríamos fazer uma paródia, criamos uma boa história com elementos de suspense, aventura e ficção científica - completa Alexandre Machado.

Trash (Lúcia Bronstein), professor Avenarius (Gregório Duvivier) e Paca (Maíra Dvorek) foram excluídos do sistema. Não têm CPF, identidade, nem carteira de motorista. Eles irritaram o sistema e seus dados foram deletados de todos os arquivos. Por vingança, a estratégia do trio é sabotar o sistema que os excluiu, por meio de manifestações pacíficas. Por exemplo, fazer uma dança esquisita para as câmeras de segurança, disparar todos os alarmes das portas de lojas de shopping ao mesmo tempo ou interromper uma sessão de cinema com uma mensagem à platéia.

Os sabotadores vão raptar (ou resgatar) Matias (Selton Mello) e sua secretária Leda (Maria Alice Vergueiro), que se tornam integrantes do grupo. Matias, um pacato fonoaudiólogo, também é vítima do sistema. Depois de uma discussão com Regina (Graziella Moretto), uma atendente de telemarketing, Matias vê-se sem documentos e identidade. Regina vinga-se por ter sido humilhada na frente de sua chefe Greta (Betty Gofman) pelo fonoaudiólogo e o deleta.

- A inspiração é a vida como ela é. Regina pede um empréstimo ao banco e é recusada pelo sistema. No trabalho, ao tentar uma promoção é humilhada por Matias, que desconta nela sua frustração por ter comprado um relógio digital defeituoso - resume Betty Gofman.

Maria Alice Vergueiro, musa do cinema marginal e fenômeno da internet graças ao curta-metragem "Tapa na pantera", brinca que entrou no sistema. A atriz sempre passou longe da TV e agora diz estar adorando ter salário, comer, vestir e morar bem.

- O que mais me amarrou é a sátira. Parece que Alexandre Machado e Fernanda Young viveram os anos 60 e se lembram daquela utopia de salvar a humanidade - diz a atriz, completando que os autores estão lhe dando a oportunidade de falar o que sempre quis na TV.

Criar algo novo, sem paternalizar ou subestimar a inteligência do espectador foi o objetivo de Fernanda Young.

- O que é o sistema depende do delírio de cada um. Mas o que vai surpreender o público é a grandiosidade dos efeitos especiais, como um meteoro que cai sobre o carro de Regina - adianta o diretor José Lavigne.

A estética tem uma inspiração nas histórias em quadrinhos, especialmente o visual dos vilões.

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