Críticas
Atores reclamam de comissão ter peças próprias indicadas
Parte da classe teatral curitibana reclama da reformulação da comissão julgadora do Troféu Gralha Azul, que passou a contar com pessoas atuantes nos espetáculos da cidade. Para eles, os juízes do Gralha deveriam deixar de inscrever peças suas no prêmio.
A reportagem conversou com três atores que partilham dessa opinião, mas preferem omitir seus nomes. As críticas se concentram contra Edson Bueno, mas outros julgadores integram as fichas técnicas de espetáculos indicados.
"Todas as coisas, quando começam a mudar, levam um tempo. Quem sabe [o ideal virá] daqui a dois ou três anos", diz uma das pessoas ouvidas. "Seria uma logística difícil, mas poderiam trazer pessoas de fora, como críticos e pensadores para assistir e julgar. Porque há companhias como a CiaSenhas e a Pausa que são excluídas desde sempre, e neste ano houve ainda o caso de Exposição, peça que foi um acontecimento e não foi indicada", completa.
Programe-se
Troféu Gralha Azul
Guairinha (R. XV de Novembro, s/nº), (41) 3304-7900. Hoje, às 20 horas. Entrada franca.
Hoje à noite acontece um dos principais eventos da classe teatral de Curitiba. A 33.ª edição do Troféu Gralha Azul, que premia os melhores espetáculos do ano, será entregue no Guairinha a partir das 20 horas, em cerimônia aberta ao público e com entrada franca. Apesar de algumas reclamações terem surgido quanto à reformulação da comissão julgadora e do sistema de votação nas peças, a maioria enxerga a festa como uma revitalização do teatro local. Alguns avisam que irão vestidos de gala e já agendam comemorações para depois da premiação.
"É a primeira vez que a cerimônia é assumida pela classe", diz Mônica Rischbieter, diretora do Centro Cultural Teatro Guaíra, que organiza o prêmio junto com os sindicatos dos artistas e dos empresários e produtores de espetáculos.
A mudança foi gestada desde 2010, quando um grupo formado por artistas de diferentes métiers e companhias, como Giovana Soar, Fátima Ortiz e Chico Nogueira, se reuniu para dar maior credibilidade à comissão julgadora. Para muitos, o fato de ela ser formada por pessoas não atuantes no teatro local tirava o respaldo das escolhas.
"Estava desgastada. Era uma comissão de cinco pessoas que discutia e chegava a consensos", lembra o diretor da cerimônia, Edson Bueno, que também integrou o grupo.
Neste ano, pessoas com 5 anos ou mais de registro na profissão (DRT) puderam se inscrever para a comissão. Desses nomes, 10 foram sorteados, e ano que vem a proposta é que sejam 15. Cada um deles assiste aos espetáculos inscritos ao longo do ano e tem 24 horas para lançar notas em um sistema on-line, sem debater previamente com os demais integrantes.
No fim do ano, o sistema seleciona as cinco maiores médias em cada quesito, que passam então para a categoria de indicados; e os jurados votam novamente entre os cinco finalistas.
Show
A festa de premiação também mudou. O que antes era um anúncio ilustrado por fotos em um telão passará a ser uma celebração do que foi feito pelos artistas de teatro da cidade ao longo do ano.
"Faríamos uma cerimônia super simples, porque não temos orçamento para ela, mas o Edson se propôs a fazer o roteiro com artistas que trabalharam de graça", conta Mônica.
Todas as 41 peças inscritas para concorrer serão homenageadas, com pequenas cenas e entradas-surpresa, como a que destacará os melhores figurinos do ano. Também serão lembrados os primeiros artistas que venceram cada categoria, muitos deles já falecidos.
Com o ator Marino Júnior como mestre de cerimônias, duplas diferentes de veteranos ou novatos apresentarão cada um dos 14 quesitos. "O espírito é o de homenagear o teatro, que todo mundo faz, não só os indicados", promete Bueno.
Torcida
Neste ano, quatro peças são favoritas, já que constam em várias categorias. Satyricon Delírio, de Edson Bueno, lidera com nove indicações. A peça revisita o épico de Petrônio, imortalizado em filme de Federico Fellini de 1969.
No segundo lugar vêm dois trabalhos, com oito indicações. Por Que Não Estou Onde Você Está, da Súbita Cia., com direção de Maíra Lour, é baseado na obra literária de Jonathan Safran Foer; e O Malefício da Mariposa é a versão da Ave Lola Espaço de Criação para o texto de Federico García Lorca.
Por fim, Peça Ruim, em que Dimis Jean Sores e a Cia. de Bife Seco fazem uma homenagem irreverente a Gerald Thomas, concorre em sete categorias.
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