Cinema
Confira informações deste e de outros filmes no Guia do JL.
Jayme Monjardim sofre de uma sina bastante peculiar. Enquanto só atuava na televisão, muitos diziam que parecia estar querendo fazer cinema na telinha. Lembra dos longos planos de natureza da hoje antológica novela Pantanal, exibida com enorme sucesso pela Rede Manchete em 1990? Ou das cenas grandiosas da minissérie A Casa das Sete Mulheres (2003), êxito de audiência da Globo? "Coisa de cinema", diziam.
Quando em 2004 Monjardim finalmente lançou seu primeiro longa-metragem, Olga, adaptação para o cinema da biografia da militante comunista alemã Olga Benário (1908-1943), escrita pelo jornalista Fernando Moraes, o diretor foi acusado justamente do contrário. Disseram que o filme, sucesso de bilheteria, tinha todo jeitão de tevê, cheio de close-ups e impregnado dos vícios melodramáticos da teledramaturgia.
Pois vão dizer o mesmo de O Tempo e o Vento, que estreia hoje em Curitiba depois de uma bela arrancada no Rio Grande do Sul, onde levou 67.372 espectadores no primeiro fim de semana de exibição em 42 salas (veja o serviço no Guia Gazeta do Povo).
Dividida em O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961), a edição mais recente do romance de Erico Verissimo, lançada pela Companhia das Letras, tem sete volumes, que percorrem 180 anos de história. Tudo isso não caberia em um longa-metragem de duas horas de duração.
A produção, irregular mas tocante em alguns momentos, é construída a partir do encontro entre a personagem Bibiana, já idosa e interpretada por Fernanda Montenegro, com o fantasma de seu marido, o capitão Rodrigo Cambará (Thiago Lacerda), morto há décadas, quando ainda era jovem.
A personagem, em meio a tiroteios da Revolução Federalista (1893-1895), está sitiada no sobrado da família Terra Cambará, na cidade de Santa Fé. É nesse clima de confronto e ameaça que surge, como um espectro do passado, a figura imponente de Rodrigo, que faz com que Bibiana mergulhe em um oceano de reminiscências.
Passado
Essas lembranças a levam ao passado remoto de sua família, no século 18, quando a avó, Ana Terra (Cleo Pires), se apaixona por Pedro Missioneiro (o argentino Martin Rodriguez), de quem engravida, desencadeando uma tragédia familiar: o rapaz é assassinado pelos irmãos da jovem, que era solteira e teve "sua honra violada".
Bibiana também retorna à juventude, fase em que é interpretada pela atriz curitibana Marjorie Estiano e conhece seu amado capitão Rodrigo. E é desses amores arrebatados que o filme, que custou perto de R$ 15 milhões, se faz. GG1/2
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