Nada como o passar dos anos para transformar o trash em cult. Apresentado pelo SBT desde 1984, o seriado mexicano Chaves sempre foi sinônimo de programa tosco, mambembe. Mesmo quando sua audiência se consolidou e a sitcom começou a incomodar as emissoras concorrentes, no fim da década de 80. Mas 20 anos de exibições diárias são suficientes para formar gerações de fãs, que hoje discutem a atração em sites e eventos concorridos.
Isso explica o êxito de dois produtos recém-chegados às lojas: a caixa com três DVDs e o livro Chaves Foi Sem Querer Querendo? (Matrix Editora, 160 págs., R$ 27). O box traz, além de momentos "clássicos", episódios inéditos de Chaves e das séries paralelas Chapolin, Chespirito e Dr. Chapatin com direito à opção no idioma espanhol. A publicação, por sua vez, é uma análise minuciosa do programa e já figura nas principais listas de obras mais vendidas do país.
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Fruto de um projeto de conclusão do curso de Jornalismo, o livro defende a "tese" de que a atração emplacou no Brasil graças à insistência do SBT em reprisá-la. "O ser humano gosta do que é conhecido, sente conforto sabendo o que vai acontecer", afirma Luís Joly, 25 anos, que assina o volume com os colegas Fernando Thuler e Paulo Franco. "Depois de 20 anos de reprises, a emissora acabou acertando, sem querer querendo", ironiza o jornalista, citando o título do trabalho e um dos bordões mais famosos da série.
De acordo com Joly, outra razão para o sucesso da série na América Latina é a universalidade dos roteiros escritos pelo ator Roberto Bolanõs, intérprete de Chaves, Chapolin e companhia. "Os textos contêm piadas atemporais e personagens bem estereotipados, próximos da realidade de qualquer pessoa", explica. O trio de autores ainda se debruçou sobre pesquisas de audiência e constatou: o perfil do telespectador do programa é surpreendentemente equilibrado, sendo representado por indíviduos de todas as idades e classes sociais.
Roberto Bolaños, hoje com 76 anos, é freqüentemente incluído em uma linhagem de comediantes que passa por Charles Chaplin, Renato Aragão e Oscarito. Para Joly, no entanto, o artista mexicano possui um diferencial relevante. "Ao contrário do Renato Aragão, por exemplo, ele criou e desenvolveu todos os personagens, assim como os roteiros". Bolaños, quem diria, virou objeto de estudo.
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