É difícil acreditar que o excelente drama político A Vida dos Outros, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007, e a inócua, senão medíocre, comédia policial O Turista, em cartaz no Brasil desde a última sexta-feira, foram dirigidos pela mesma pessoa: o cineasta alemão Florian Henckel von Donnersmarck.
A velha história sempre se repete. Quando um realizador estrangeiro, seja ele europeu, latino-americano ou asiático, consegue a atenção internacional com um filme de sucesso, os produtores de Hollywood ficam de orelha em pé. E se estreia com um longa-metragem tão sensacional quanto A Vida dos Outros, que disseca os bastidores da Stasi, polícia política da antiga Alemanha Oriental durante os anos da Cortina de Ferro, com um grande roteiro, personagens complexos e uma direção segura e estilosa, o convite é quase inevitável.
Von Donnersmarck, contudo, poderia ter esperado um pouco mais antes de ceder ao canto da sereia. O Turista, se for analisado friamente, não chega a ser péssimo e tem algumas conexões, ainda que bem superficiais, com A Vida dos Outros. As narrativas de ambos, por exemplo, giram em torno de elaboradas investigações, que envolvem escutas, gravações e agentes infiltrados.
Mas enquanto o primeiro longa do diretor falava sobre a invasão de privacidade perpetrada pelo governo alemão oriental em busca de indícios de traição ao projeto socialista do país, O Turista está mais para uma paródia que se pretende elegante e refinada de filmes na linha dos protagonizados pelo jovem espião James Bond ou pelo agente Bourne.
A Scotland Yard investiga o desaparecimento de um grande estelionatário que deve milhões em impostos ao governo britânico. O mesmo homem também está na mira de um magnata corrupto e vilanesco, de quem o sujeito teria roubado outra fábula em dinheiro.
A forma de tentar encontrar o tal fugitivo é por meio de Elise Clifton-Ward (Angelina Jolie), uma deslumbrante beldade de quem o tal fugitivo teria sido amante por alguns anos. A trama tem início quando ela recebe, em meio ao seu frugal café da manhã em Paris, um bilhete, a instruindo a embarcar em um trem para Veneza. No caminho, ela terá de escolher um pobre coitado e fazer com que os agentes da polícia inglesa acreditem que se trata do fugitivo.
É quando entra em cena o professor de Matemática norte-americano viúvo Frank Tupelo (Johnny Depp), que viaja, em luto, pela Europa, É o tal turista do título.
Com locações luxuosas, boas cenas de ação e um elenco de primeira, a estreia hollywoodiana de Von Donnersmarck peca pelo roteiro frouxo e inverossímil e, sobretudo, pela total falta de tridimensionalidade dos personagens centrais, que dependem apenas do carisma de Depp e Angelina para gerar alguma empatia. É um belo desastre em forma de filme, porém não chega a ser uma tortura. GG
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