Premiados
Confira a lista completa dos vencedores do 69º Festival de Cinema de Veneza, encerrado no último sábado, na Itália:
Leão de Ouro de Melhor Filme: Pietà, de Kim Ki-Duk (Coreia do Sul)
Leão de Prata de Melhor Diretor: Paul Thomas Anderson, por The Master (EUA)
Prêmio Especial do Júri: Paraiso: Fé, de Ulrich Seidl (Áustria)
Prêmio Marcello Mastroianni para Ator ou Atriz Estreante: Fabrizio Falco, por È Stato il Figlio e Bella Addormentata
Coppa Volpi de Melhor Ator: Joaquim Phoenix e Philip Seymour Hoffman, por The Master
Coppa Volpi de Melhor Atriz: Hadas Yaron, por Fill the Void
Prêmio para Melhor Roteiro: Olivier Assayas, por Après Mai
Prêmio para Melhor Contribuição Técnica: Fotografia de Daniele Ciprì em È Stato il Figlio
Kim Ki-Duk adora surpreender. E não apenas em seus filmes. Mesmo carregando o Leão de Ouro de melhor filme do 69.º Festival de Veneza por Pietà, entregue na noite do último domingo, o sul-coreano atende os jornalistas, fugindo de qualquer protocolo.
"Estúdios americanos estão interessados em meu trabalho, mas a fama não vai me transformar", conta à reportagem.
"Faço filmes com o coração e não para agradar ao público. Estou feliz e espero que mais pessoas vejam meus longas no meu país." Problema dos coreanos. Ki-Duk é um dos diretores asiáticos mais interessantes no momento.
Não fez universidade de cinema, estudou para ser padre, trabalhou no exército coreano e como pintor. E ainda recebeu o prêmio cantando uma tradicional música triste de seu país. "Mas eu canto quando estou alegre. São as ondulações da vida."
Pietà custou apenas US$ 100 mil (R$ 200 mil) e não faz concessões para agradar. A trama filmada no bairro barra-pesada de Cheonggyecheon, em Seul, sobre um brutal cobrador de dívidas de agiotagem, vivido por Lee Jung-Jin, é ultraviolenta.
"A Coreia está crescendo demais e muitos se esquecem dos seres humanos que moram nesses bairros, que parece a área onde cresci", conta Ki-Duk. "Fiz esse filme para falar sobre o mal do capitalismo extremo."
Opostos
O cinema "na raça" do coreano contrasta com o estilo técnico detalhista de Paul Thomas Anderson, o outro grande vencedor do evento.
The Master levou o Leão de Prata de direção e o Coppa Volpi de ator para a dupla Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman, que foi receber o prêmio em nome da produção, já deslocada para o Festival de Toronto.
"Planejo todos os detalhes, mas, quando trabalhamos com um ator surpreendente como Joaquin Phoenix, tudo é jogado fora no primeiro dia de filmagem", fala Anderson. "Desde o meu primeiro filme, sou paranoico com detalhes, porque sempre acho que a equipe vai descobrir que sou uma farsa."
Controvérsia
O prêmio para Anderson, assim como seu filme, sobre as origens da cientologia, veio com uma certa confusão.
O presidente da comissão julgadora da competição, Michael Mann, trocou a categoria pelo prêmio especial do júri, vencido por Paradise: Faith. Quando o austríaco Ulrich Seidl subiu ao palco para pegar o seu Leão de Prata de direção que, na verdade, já havia sido entregue para Anderson , recebeu o pedido de desculpas de Mann.
O cineasta americano ainda causou mais controvérsia ao anunciar que o primeiro critério de escolha dos vencedores foi a regra do festival, que impede que o filme escolhido para o Leão de Ouro leve em outras categorias.
"Não foi uma escolha fácil", discursou o presidente do júri após a cerimônia. "Tivemos quatro longas reuniões e escolhemos premiar Paul Thomas Anderson com a direção. Mas temos seu filme em alta consideração."
O resto da noite foi tranquila. Os italianos levaram os prêmios de consolação de ator revelação (Fabrizio Falco, por Bella Addormentata e È Stato il Figlio) e contribuição técnica à fotografia (Daniele Ciprì, diretor de È Stato il Figlio).
Olivier Assayas ficou com o melhor roteiro por Après Mai, que fará parte da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e trata de sua juventude nos anos 70, quando queria fazer cinema.
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