O voo olímpico do Collegium Cantorum

Em meio à música coral nórdica, asiática, africana e de outras origens variadas, obras de Henrique de Curitiba, Padre Penalva e do cancioneiro da Paraíba. O conjunto inusitado pode parecer um repertório escolhido de modo aleatório, que por acaso esbarrou em compositores daqui. Mas é justamente um dos atrativos do World Choir Games, um festival internacional nos moldes de uma olim­píada coral que reúne tradições musicais do mundo todo em 10 dias de concertos e oficinas, e que será realizado em Cincinnati, nos Estados Unidos, a partir de hoje.

A presença do Brasil foi garantida por um grupo sediado em Curitiba, o Collegium Cantorum Coro Feminino, fundado há 11 anos e dirigido pela maestrina curitibana Helma Haller. Convidado a participar após a submissão de currículos e gravações, o coral não faz parte da mostra competitiva, mas apresenta concertos e participa de uma série de eventos e oficinas ao longo dos jogos, dividindo apresentações ao lado de outros coros e representando o Brasil em um desfile de nações, além de integrar um concerto conjunto no encerramento das olimpíadas. As 16 integrantes viajam hoje e se apresentam a partir de sexta-feira.

Oficina permanente

Em uma das apresentações, o grupo será avaliado por uma banca internacional. A avaliação pode render participações futuras na competição, mas, de acordo com Helma, a importância da viagem tem a ver com os propósitos do Collegium Cantorum. "Temos o objetivo de ser uma permanente oficina de canto coral", diz Helma, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "E é muito importante para a gente conhecer o que é feito no mundo. Teremos outras referências, conheceremos outros estilos de música. E teremos espelhos para o nosso próprio trabalho."

Helma também destaca a oportunidade de divulgar a música brasileira e paranaense internacionalmente. "Embora nossa música tenha o mesmo nível de composição e valor musical que as mais importantes do mundo, o repertório brasileiro é considerado um segredo de sete chaves", diz a musicista, referindo-se à pouca difusão dos compositores do Brasil na música coral mundial.

Para isso, além de uma obra de Giuseppe Verdi (1813-1901), escolhida para situar o trabalho do Collegium Cantorum no contexto internacional e servir como referência, Helma montou um repertório de música sacra e secular repleto de compositores brasileiros, como Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Alberto Nepomuceno (1864-1920) e Francisco Mignone (1897-1986), e paranaenses, como os já citados Henrique de Curitiba (1934-2008) e José Penalva (1924-2002), além de Rodrigo Herrmann (1916-1971) (confira o programa completo ao lado).

"É um repertório de música brasileira, que abrange a música internacional, e que a gente deseja que se torne, ele também, internacional", afirma Helma.