Sentada sobre a instalação de 12 metros que atualmente ocupa uma das salas do Museu Municipal de Arte (MuMa), no Portão Cultural, a artista plástica Eliane Prolik fez as contas para lembrar há quanto tempo trabalha na área. "Desde 1981... Faz tempo, né?" Nestes 32 anos, ela se consolidou como uma das artistas contemporâneas mais representativas do Brasil.
Com obras de arte que integram importantes museus brasileiros, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, agora, Eliane também é um dos artistas que integra o acervo da Pinacoteca de São Paulo, que comprou a instalação Pra Que (trabalho desenvolvido de 2007 a 2009). A obra que consiste em 45 placas automotivas que trazem palavras recorrentes do cotidiano urbano, tema trabalhado por ela desde o começo dos anos 2000. A negociação foi finalizada no mês passado entre a instituição e a galeria de arte curitibana SIM, que representa a artista.
Negociação
A obra foi vista em exposição individual de Eliane na SIM Galeria em 2011 pelo diretor-técnico da Pinacoteca, Ivo Mesquita. "Ele viu a instalação e adorou. Depois de um tempo, entrou em contato conosco e foi apresentada uma proposta. O contato foi mantido e, no mês passado, foi confirmada a compra do trabalho", conta um dos diretores da galeria, Guilherme Simões de Assis. A SIM não abre valores, mas, segundo Assis, Eliane é uma artista cujos trabalhos estão em "valor crescente" no mercado de arte, e que o montante está de acordo com o praticado no segmento.
O trâmite para esse tipo de venda, explica o diretor da SIM, costuma demorar até um ano, pois o trabalho é submetido ao conselho curatorial do museu e a uma avaliação que analisa a obra. Segundo ele, o fato de um artista integrar o acervo de grandes museus legitima ainda mais o trabalho. "Os museus são uma rede, então, outro curador pode ver a obra e se interessar pelo trabalho da Eliane. Com isso, surgem novas oportunidades para que a artista seja exposta."
Eliane, que já havia doado uma obra de pequeno porte para a Pinacoteca no ano passado, destaca que ficou feliz com o profissionalismo do museu durante o trâmite e a documentação da instalação. "É um museu com acervo sólido de arte brasileira, e que tem preocupação de aquisição de obras, e esse é um momento oportuno para isso. O fato de estar em um museu também permite um acesso maior por parte do público."
Além disso, a obra foi adquirida junto com um mapa de montagem com instruções da artista sobre como ela deve ser disposta no espaço, entretanto, Eliane diz que está aberta a adequações e sugestões da Pinacoteca, que também se interessou, conta ela, pela possibilidade que a obra permite em trabalhos de mediação (com escolas, por exemplo). "Cada placa tem uma poética, e o espectador pode fazer uma leitura bastante pessoal", salienta. Além de Pra Que, mais produções da artista, como Nada Além (2001) e Não Pare Sobre os Olhos (2003/2004) usaram a palavra como objeto em diferentes suportes.
Exposição
Por enquanto, não há previsão de quando Pra Que será exposta na Pinacoteca, já que agora estão em andamento os trâmites para documentação, catalogação e direitos autorais. Quem quiser conhecer outro trabalho de Eliane, pode visitar Atravessamento, em cartaz no MuMa.
Serviço
Atravessamento Museu Municipal de Arte (MuMa) Portão Cultural (Av. República Argentina, 3.430 Portão), (41) 3345-4056. Visitação de 3ª a dom. às 19 horas. Entrada franca. Até 13 de janeiro de 2013.
Deixe sua opinião