Em 1966 Roberto Carlos ganhou um forte concorrente ao trono da música jovem. Ronnie Von estourou com "Meu bem", versão de "My girl", dos Beatles. O primeiro LP, lançado em 1966, tinha uma canção chamada "Pequeno príncipe" e logo Ronnie estava sendo chamado de o príncipe da Jovem Guarda (ou pequeno príncipe, sei lá).
Amante da música clássica, Ronnie queria fundir o som orquestral com o rock, o que aconteceu já no primeiro disco, quando usou pela primeira vez na música jovem instrumentos como fagote e cravo em "Minha crença", versão de "For noone", dos Beatles, e flugelhorn na abertura de "Paraíso."
Na sequência, influenciado pelo psicodelismo da cena rock americana e inglesa, mergulhou numa fase de desbunde, bem representada por dois discos lançados agora pela primeira vez em CD, "Ronnie Von" (1969) e "A máquina voadora" (1970), junto com o primeiro, de 1966.Hoje, ele é um agitado dono de agência publicitária e apresentador do programa de variedades "Todo seu" , no ar de segunda a sexta às 22h na TV Gazeta. Numa entrevista por telefone de sua base em São Paulo, Ronnie diz que deve tudo à música, mas não tem mais tempo para ela, desiludido com gravadoras e com o mercado.
- Acordo e vou para a agência de publicidade, a Von Comunicação, atender clientes que querem tratar direto comigo, almoço, volto para a agência. No começo da noite estou na TV e hoje (quinta passada) vou sair daqui três e meia da manhã - conta ele.
Com 62 anos, três netos, Ronnie brinca que estão lhe devolvendo a juventude com os lançamentos, com os formadores de opinião elogiando-o, quando na época, apanhou de todo lado, incluindo ter seu disco psicodélico de 1969 quebrado no programa de Flávio Cavalcanti por Sergio Bittencourt, filho de Jacob do Bandolim e muito conservador. Hoje em dia, Ronnie já tem até um tributo duplo gravado por bandas independentes que pode ser baixado de grátis.
- Um jornalista da "Veja" foi ao programa e contou que comprou o disco psicodélico em Nova York por US$ 85, uma edição muito bem cuidada e fabricada na Argentina - conta.
O boicote que sofreu da Jovem Guarda, pelo medo do rei Roberto de perder o trono para o cantor bem mais bonito que ele, deixou uma mágoa que leva Ronnie a falar com raiva até hoje que não fez parte da Jovem Guarda e nada tem a ver com "aquilo". O que o jogou para uma praia intermediária entre a música jovem de então e a Tropicália. Ele apregoa como sua grande influência o álbum "Revolver", dos Beatles, mais importante para ele que o seguinte, "Sgt. Pepper's".
Os álbuns de 1969 e 1970 estavam à frente de seu tempo e representaram a morte comercial, porque todos queriam dele canções bonitinhas para fazer as meninas suspirarem diante de sua fachada bonita. No disco de 1969, aliou-se ao maestro Damiano Cozzela, da mesma escola concretista de Rogério Duprat, e os dois aprontaram experiências loucas, como um telefonema dado pelo maestro apenas para perguntar o que ele achava da moda, promoveram quebradeira de espelhos, falas de brincadeira no estúdio "ô meu traz as porpeta", efeitos eletrônicos a "2000 light years from home", dos Rolling Stones etc.
- Eu quebrei os espelhos com baquetas de tímpanos forradas, o Cozzela fez percussão no piano com martelo em "Espelhos quebrados", o telefonema realmente aconteceu e a gente pôs clarone, oboé, fagote, contrafagote, uma loucura. Eu conhecia uma série de CDs ingleses chamada 'Classics with a beat', então tinha essa idéia inicial de clássicos com rock que evoluiu para essa coisa psicodélica. E tudo isso sem drogas, que eu nunca cheguei perto de LSD - conta.
Se houvesse um rádio que se guiasse apenas pela qualidade das músicas, muitas desses dois discos poderiam tocar bem, como a antológica e psicodélica "Silvia 20 horas domingo" , a exótica "Canto da despedida" , com uma banda de coreto, a tropicalista "Mil 900 e além". O disco de seqüência "A máquina voadora", homenageia a paixão de Ronnie, piloto com brevê, num disco que inclui ainda "Continente e civilizações", mistura de récita e canto sobre antigas civilizações. Na época em que a Jovem Guarda encaretava, seu dissidente príncipe botou para quebrar.
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