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Ser o último quadro de um acervo particular explica valorização | Reprodução
Ser o último quadro de um acervo particular explica valorização| Foto: Reprodução

Curiosidades

O quadro mais famoso do pintor norueguês Edvard Munch, O Grito, é uma das imagens mais reproduzidas no mundo

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O Grito foi exposto pela primeira vez em 1903. A recepção da crítica foi dura, e considerou a arte como "demente". No regime nazista, o pintor foi tachado de "degenerado", e teve todas as obras retiradas da Alemanha.

O interesse do público foi tão grande que Munch realizou uma litografia em 1900, que permitiu a impressão do quadro em revistas e jornais. Em 1961, a revista Time publicou a obra na capa da edição. A pintura também apareceu duas vezes na série animada Os Simpsons.

No próximo dia 2 de maio, um dos quadros mais famosos do mundo, O Grito, do norueguês Edvard Munch (1863-1944), será vendido em Nova York pela casa de leilão Sotheby’s. A obra é uma das quatro versões existentes da pintura – a única que pertence a um colecionador particular, o empresário Petter Olsen, cujo pai foi mecenas do artista. O esperado é que a venda alcance US$ 80 milhões. Mas, o que faz o quadro, pintado em 1895, valer tanto?

Além do inegável – é uma das obras de arte mais conhecidas e reproduzidas no mundo, perdendo talvez somente para Mona Lisa, de Leonardo da Vinci – não há elementos específicos que determinem o preço. No entanto, o professor de História da Arte da Universidade Positivo (UP), Marcos Dias de Araújo, afirma que, o fato de a pintura ser ícone do movimento expressionista alemão, e bastante inusitada para a época, é um motivo plausível. "Se tornou uma imagem polêmica e icônica. As obras desse período também sofreram durante o período nazista com perseguições", lembra. Ser a última pintura de um colecionador também atiça o mercado. "É evidente que, por conta disso, o preço se eleva", diz Araújo.

Subjetividade

Segundo o crítico, curador do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e professor da Universidade de São Paulo (USP), Teixeira Coelho, não existe uma explicação racional. "Não há razão clara e material. O valor do quadro é o que as pessoas estão dispostas a pagar por ele, e aí existe uma dose de subjetividade." Coelho também recorda que outras obras (como Garçon à la Pipe, de Pablo Picasso) foram arrematadas por ainda mais dinheiro, na época (2004), US$ 104 milhões.

Coelho explica ainda que no século 16, por exemplo, era possível avaliar uma pintura por conta de elementos claros, como o material usado e o tempo de trabalho do artesão. "Algumas obras tinham como base o ouro, então, obviamente, custavam mais." Outro ponto é a quem o quadro pertence. "Se um Munch era da rainha da Inglaterra e o outro o João da esquina, obviamente o primeiro valia mais. É irracional e tolo, mas é assim que o mercado funciona", ressalta o crítico.

A artista plástica e coordenadora do Museu da Gravura de Curitiba, Ana González, crê que o grande interesse gerado pela obra é o tema retratado. "Quem já não teve um motivo para gritar, ou se sentiu tão angustiado quanto? Essa assimilação foi o que fez a obra ser tão famosa e reproduzida."

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