Se Chico Buarque seguisse cantando os versos de Paratodos: "O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano..." ele chegaria a José Ignácio Buarque de Macedo, um dos patriarcas da família.
Na realidade, a árvore genealógica de Chico nasceu da união de José Ignácio Buarque de Macedo, um dos mais poderosos senhores de engenho do nordeste, que se casou com a ex-escrava e analfabeta Maria José Lima. A história está em Buarque - Uma Família Brasileira.
Por volta de 1790, Maria José Lima colocou a educação como prioridade na família. O historiador Sérgio Buarque de Hollanda foi seu trineto. Aurélio, Cristovam, Miúcha e Chico Buarque, seus tetranetos e Bebel Gilberto, sua pentaneta. O primo de Chico, Bartolomeu Buarque de Holanda, registrou em dois volumes a história da família que será lançada este mês pela editora Casa da Palavra.
No primeiro volume, um ensaio com 1.200 páginas, as informações são bem técnicas e procuram descobrir a origem da família Buarque. De acordo com a pesquisa, o número já chega a 10 mil descendentes. No segundo volume, em forma de romance, o autor conta toda a saga da família. Para escrever a obra, o autor disse ter levado 25 anos pesquisando 15 mil documentos. O romance, no entanto, privilegia a história de Maria José Lima que, segundo o autor, "soube como poucos valorizar o estudo e a educação".
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