Imagine um romance que seja capaz de juntar um pouco de Eça de Queiroz, um tanto de Jorge Amado, uma pitada de Chico Buarque (o compositor) e um quê de novela de época da Globo. Se parece bizarra de cara, é preciso dizer de cara também que a combinação funciona bem em “O Pecado de Porto Negro” (Leya, R$ 49,90), do português Norberto Morais, finalista do Prêmio Leya de 2013. O cenário é Porto Negro, capital da imaginária ilha de São Cristóvão, ex-colônia no Pacífico de um império desfeito. Ali, em princípios do século 20, brotam marinheiros nos cais, imigrantes nas vendas, mulheres saudosas mirando o horizonte desde a cidade de ruas estreitas. E também malandros, donzelas prendadas, negras e mulatas habitando o imaginário sensual de uma terra preguiçosa nos trópicos. Fazendo sombra, a civilização ibérica, católica e escravista. Bem sabemos no que isso dá. Entre esses personagens está Santiago Cardamomo, estivador-sedutor para quem a “felicidade é uma cerveja gelada e um par de coxas enlaçando a cintura”.
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