Emma Koch: pioneirismo estrangeiro na aquarela paranaense| Foto: Reprodução

Coletânea

A Aquarela no Paraná

Regina Casillo (org). Solar do Rosário, 167 págs., R$ 50 (à venda na Galeria Solar do Rosário).

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As formas e cores singelas e delicadas são elementos que se destacam para o espectador que aprecia uma obra em aquarela, técnica de pintura que tem a água como solvente, o que gera áreas de transparência e luminosidade únicas na tela. No entanto, em termos de mercado, ela ainda é pouco valorizada no Brasil: o suporte em papel requer muito cuidado no armazenamento e conservação, por estar mais suscetível ao clima. Mesmo com o interesse restrito como negócio, a aquarela sempre esteve presente nas artes visuais do Paraná. Parte dessa trajetória foi reunida no livro A Aquarela no Paraná, editado pelo Solar do Rosário.

O livro reúne trabalhos de Emma Koch, Guido Viaro, Paul Garfunkel, Ida Hannemann de Campos, entre outros artistas, e tem texto introdutório da professora da Faculdade de Artes do Paraná (Fap), Rosemeire Odahara Graça, que é doutora em História da Arte.

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A paixão pela técnica de "beleza e fluidez" foi um dos motivos que levaram a organizadora Regina Casillo, diretora do Solar do Rosário, a realizar o levantamento para a obra. "Nós reunimos em livro artistas que retratam bem os nossos aquarelistas, dando à técnica um lugar de honra", diz.

A expansão da aquarela pelo Paraná se deu principalmente por artistas estrangeiros que migraram ao Brasil e ajudaram a difundir a técnica, até mesmo em escolas. Foi o caso da artista Emma Koch, polonesa que chegou ao Paraná em 1929 com seu marido, Ricardo. O casal formou-se na Faculdade de Belas Artes de Lwów e, aqui, ambos atuaram como arte-educadores. Emma dirigiu o ensino de artes plásticas na rede de ensino no estado, e o marido tornou-se professor do Colégio Estadual do Paraná. Além de obras do casal, o livro traz trabalhos da filha, Tereza, que também virou aquarelista.

O italiano Guido Viaro, um dos maiores artistas do Paraná, também se dedicou à técnica, mesmo não sendo a sua preferida. "Quando começamos a trabalhar no livro, o filho dele, Constantino, nos contou que ele não gostava tanto da aquarela, mas também fazia e ensinava aos alunos", conta Regina. Mesmo assim, segundo o breve texto de Constantino no livro, Viaro vendia rapidamente todas as aquarelas que fazia.

Além dos mestres, obras de artistas mais contemporâneos, como Maria Ivone Bergamini, também foram reunidas do livro. Trabalhos desde a década de 1980 até 2013, que geralmente trazem na tela elementos do cotidiano, uma das principais características do trabalho da artista, podem ser vistas na publicação. O livro abre com desenhos de outra representante da geração atual, Ana Müeller, que teve aulas de aquarela na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) com a professora Leonor Bottieri.

História

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No Paraná, muito antes do casal Koch e de Viaro, a aquarela esteve presente em trabalhos de artistas que integraram expedições científicas, com desenhos principalmente de paisagens. O francês Jean-Baptiste Debret, que realizou viagem pela província de São Paulo até o Paraná em 1827, conta Regina, é um deles. "Existe até uma teoria de que ele teria ensinado muitas pessoas e espalhado discípulos, e que muitos quadros atribuídos a ele foram feitos por desconhecidos, e que Debret dava apenas retoques finais ."