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O maestro à frente da filarmônica e da bateria da Vai-Vai: música erudita para o povo | Divulgação
O maestro à frente da filarmônica e da bateria da Vai-Vai: música erudita para o povo| Foto: Divulgação

Concerto

Bachiana Filarmônica Sesi-SP, sob regência de João Carlos Martins, com participação da bateria da Vai-Vai

Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3000. Hoje, às 21 horas. Ingressos de R$ 10 a R$ 45. Classificação indicativa: livre.

Quer aumentar (ou incrementar) a sua bagagem cultural? Então não deixe de assistir ao concerto que a Bachiana Filarmônica Sesi-SP apresenta neste sábado, a partir das 21 horas, no Teatro Positivo. Primeiro, porque você vai poder ouvir obras de Vivaldi, Bach e Villa-Lobos interpretadas por uma das mais importantes orquestras do país, já prestigiada por mais de 10 milhões de pessoas. Segundo, por ela ser comandada pelo maestro-celebridade João Carlos Martins – aquele mesmo, que era pianista e se tornou regente depois de perder parte dos movimentos das mãos, e foi tema do samba-enredo da Vai-Vai, campeã do carnaval paulistano do ano passado. Aliás, a escola de samba de São Paulo é outra boa razão para ir ao concerto, porque parte da bateria vai fazer uma participação especial no fim da apresentação. Como se não bastasse, tem ainda o preço: o ingresso vai de R$ 10 (meia-entrada para a plateia superior lateral) a R$ 45 (entrada inteira para a plateia inferior central).

"As pessoas sempre me perguntam por que fazemos os nossos concertos a R$ 10", comentou o maestro João Carlos, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo. "Simplesmente porque é um projeto aprovado pela Lei Rouanet, ou seja, foi viabilizado com o dinheiro do contribuinte. E eu acho um crime quem capta recursos do contribuinte e depois cobra R$ 150 ou R$ 200 pela apresentação. O concerto a preços populares é uma forma real de democratizar a música clássica, pois vamos poder apresentar Vivaldi, Bach, Villa-Lobos e, no final, mostrar ainda a criatividade da bateria da Vai-Vai, para um público muito maior."

Para os puristas que já estiverem torcendo o nariz para a "canja" da bateria de uma escola de samba num concerto de música erudita, João Carlos Martins tem uma resposta na ponta da língua. "Em mil concertos da Bachiana Filarmônica, nós usamos este expediente 20 vezes: dez com a bateria da Vai-Vai, dez com Chitãozinho & Xororó. Só que esses 2% são muito badalados, aparecem muito na mídia. Acontece que o Chitãozinho e o Xororó tiveram de cantar Schubert, Bach, Villa-Lobos e Beethoven; e o público deles também teve a oportunidade de ouvir uma Quinta de Beethoven. Além disso, esse pessoal de nariz empinado precisa entender que a música sertaneja faz parte da cultura do país, e que um ritmista da Vai-Vai pode ter muito mais naturalidade do que alguns músicos que passaram 20 anos num conservatório."

O espetáculo que vai ser apresentado no Teatro Positivo, sucesso de crítica e público nos Estados Unidos, São Paulo e Rio de Janeiro, começa com "Concerto para Violino", de Vivaldi, e a "Suíte Orquestral N.º 3", de Bach. Na segunda parte, o solista Jean William interpreta "Evocação" e "Melodia Sentimental", de Heitor Villa-Lobos. E na parte final, a bateria da Vai-Vai entra e faz a percussão para "Trenzinho Caipira", de Villa-Lobos, "Mourão", de Guerra Peixe, e a inédita "Prelúdio, Fuga e Samba", peça de Mateus Araújo inspirada no samba-enredo campeão do ano passado.

Mil orquestras

O maestro João Carlos Martins também está à frente de um projeto ambicioso, que pretende criar mil jovens orquestras em todo o país. A primeira etapa deve estar concluída no fim do ano que vem, quando ele pretende reger, simultaneamente, 200 orquestras pela internet, do Rio Grande do Sul a Rondônia, a partir do Cristo Redentor, executando "Jesus, Alegria dos Homens", de Johann Sebastian Bach. "Mas não poderá haver nenhuma orquestra na minha frente, por causa do delay da transmissão pelo telão", adianta.

Questionado se é mais feliz hoje como "maestro-pop" ou nos tempos de pianista, quando gravou a obra completa de Bach, o maestro filosofa. "A pior coisa que aconteceu na minha vida foi perder as mãos para o piano. E a melhor coisa que aconteceu na minha vida foi perder as mãos para o piano. Mas eu sou muito mais feliz hoje, porque é melhor dividir emoções além da que você compartilha quando está no palco. Quando você vê que está ajudando a promover inclusão social através da música, contribuindo para diminuir a criminalidade e salvar vidas, você se sente realizado."

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