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 | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Em sua primeira semana, a ocupação da sede do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) em Curitiba tinha como estrutura física uma barraca de praia e uma lona, que eram usadas para cobrir uma pequena parte do estacionamento do imóvel. Somava-se à estrutura uma mesa com um fogareiro que fazia as vezes de cozinha improvisada.

Um mês depois do início do protesto (leia mais abaixo), o acampamento conta agora com uma grande tenda de lona dividida em cômodos, que toma toda a frente do terreno .

A organização indica a intenção do grupo é não deixar o acampamento tão cedo.

No mínimo, de acordo com o grupo de ativistas ligados ao setor cultural que ocupa o local, pelo tempo que durar o governo interino de Michel Temer (PMDB), ou seja, ao menos mais dois anos e cinco meses, se o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) for mantido.

Porém, nem mesmo um eventual retorno da presidente garantiria o fim da mobilização, afirmam os próprios integrantes.

Dentro da tenda há assoalho, iluminação, cozinha montada com louças e alguns eletrodomésticos, quadros pendurados nas paredes, computadores e equipamento de audiovisual.

A estrutura foi cedida e montada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), de quem os integrantes da ocupação dizem estar “se aproximando cada vez mais”.

Assembleias

A reportagem visitou o acampamento na noite de quarta-feira (8).

Ocupações nasceram com o fim do MinC

A ocupação da sede do Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan) em Curitiba foi a primeira da série de protestos que tomaram sedes de órgãos ligados ao Ministério da Cultura (MinC) em 22 capitais, a partir do dia 12 de maio, data em que o presidente interino Michel Temer (PMDB) tomou posse.

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Os ativistas da ocupação optaram por não gravar entrevistas, mas contaram que ninguém ligado ao governo ou ao MinC os procurou, o que teria se repetido com as outras ocupações espalhadas pelo país.

Naquela que seria a madrugada mais fria do ano até então, cerca de trinta pessoas se preparavam para passar a noite acampadas em barracas no jardim em frente à casa sede do Iphan.

A rotina da ocupação permanece a mesma do início do protesto: programação permanente de apresentações culturais e assembleias diárias para decidir os próximos atos do movimento.

Algumas sessões dos filmes que integram a mostra do festival Olhar de Cinema vão acontecer no acampamento. Todo o material que protege o local — dos eletrônicos aos alimentos — foram doados por simpatizantes.

Nesta sexta-feira (10), o grupo vai aproveitar os atos contrários ao governo marcados para ocorrer simultaneamente em várias capitais, a partir das 16h, na praça Santos Andrade, para celebrar o primeiro mês da ocupação.

Na véspera, o grupo divulgou uma nota com o balanço do primeiro mês do protesto.

O texto chama o recuo do governo – que chegou a “recriar” o MinC –e as justificativas para corte de gastos no setor e em outros ministérios de uma “grande farsa” e diz que a estratégia é manter a ocupação.

“Não sairemos do Iphan enquanto Temer estiver no poder, não sairemos da luta enquanto houver ameaça aos nossos direitos”.

O documento também mostra que a pauta contra o enfraquecimento das políticas públicas na Cultura deu lugar a um movimento de oposição ao governo Temer.

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