O último espetáculo da fase popular da 30.ª Oficina de Música de Curitiba acontece neste sábado, às 21 horas, no Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/n.º), com um show do maestro Letieres Leite e a Orkestra Rumpilezz, de Salvador. A big band de percussionistas e instrumentistas de sopro criada pelo músico, que é também saxofonista e flautista do grupo, vai apresentar um repertório baseado no CD homônimo lançado em 2010, que reúne composições de Leite baseadas em ritmos afro-brasileiros com influência de jazz a afrobeat.
"É tudo ligado ao universo percussivo baiano", diz o maestro, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo. "Passei muito tempo observando a música ancestral baiana tocada nos terreiros de candomblé, nas três nações Ketu, Gegê e Angola. Aí, fui transcrevendo para a formação de orquestra", explica.
O nome do grupo vem desta ligação religiosa. Rum, Rumpi e Lé são os atabaques do candomblé, e o "zz" vem do jazz. São 20 instrumentistas no palco: cinco percussionistas e 15 sopros, entre saxofones, trombones, tubas e trompetes, que também têm funções percussivas. O resultado é uma experiência musical forte e das mais originais.
Leite explica que a cultura brasileira recebeu muita influência africana, mas os ritmos afro-brasileiros são genuínos daqui. "Não existe nenhuma dessas formas puras", diz.
Além das músicas que foram gravadas no CD, o grupo vai apresentar uma composição inédita "Dasarábias", que remete à influência moura na África branca. Uma segunda música nova também pode ser apresentada. Mas aí, depende da intuição dos músicos. "Vai depender do estado de espírito", brinca Leite.
O maestro acredita que a ligação esotérica que a Orkestra Rumpilezz tem com a música que toca sensibiliza naturalmente o público. "No fundo, todos nós temos ligação com a ancestralidade africana. Ela está presente na formação da cultura brasileira de maneira intensa. E antes mesmo do Brasil: está ligada à origem do homem, à gênese", diz Leite. "O ritmo desperta o sentimento, a conexão com o mágico", diz, para quem a música tem um papel importante. "Ela pode ser um conector poderoso para a compreensão desse universo", diz.
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