Oi Tem Peixe Na Rede inaugura era digital dos festivais

Artistas novos, cada um defendendo a sua canção, perante uma multidão e um júri. A época não é a década de 60 e o palco não é o Maracanãzinho. Estamos falando de século 21 e toda essa movimentação acontece na internet, no festival Oi Tem Peixe Na Rede ( www.oitempeixenarede.com.br ). Mais uma tentativa, em meio a tantas outras, de resgatar o espírito dos antigos festivais? Longe disso, como explica Bruno Levinson, idealizador e produtor do festival.

- Não quero resgatar nada, não olho para o passado. Eu faço as coisas no presente, mirando no futuro - diz Levinson, criador do festival Humaitá Pra Peixe, que anualmente lança revelações da música brasileira no Espaço Sergio Porto. - Não penso em ocupar o espaço de algo que já houve, aquele espaço já não existe mais. Tivemos o mérito de criar um formato que já começa a ser usado por outros festivais, o que eu acho ótimo.

Levinson está certo em comemorar. Lançado na rede há pouco mais de dois meses, o site recebeu 400 mil visitantes até agora.

- São mais de 10 mil por dia. Ou seja, diariamente, recebemos mais que uma casa de shows de grande porte lotada de pessoas querendo ouvir bandas novas, sedentas por novidade. Não deixa de ser um recado desse público para a mídia que não abre espaço para os novos - avalia.

O novo som de que fala Levinson é representado em 804 músicas - o total de inscrições de todo Brasil. Agora - depois de um período em que o público pôde votar pelo telefone celular e pelo site e o júri apontar suas escolhas - o festival está em sua reta final, com apenas cinco classificados. A cantora e guitarrista Katia Dotto e as bandas Luxúria, Besouro Zorah, Dr. Spinoza e Canastra. Todas elas dentro do universo pop/rock, mas a abrangência do festival foi maior.

- Mais da metade das bandas inscritas eram de rock, e isso acabou se refletindo nessa etapa final. Mas entre as inscritas tinha sambas muito bacanas, até música sertaneja bem feita - conta o produtor. - É claro que tinham várias bandas sub-CPM 22, alguns Marcelo D2, alguns Radiohead, alguns Coldplay... Mas não torço o nariz para isso. No início, a banda traz referências nítidas mesmo, só depois ela constrói sua identidade.

Cada um dos cinco semifinalistas gravou um show para ser transmitido pelo Oi Tem Peixe Na Rede. Os internautas podem fazer videoclipes de uma das cinco músicas e concorrer a um prêmio especial: integrar a equipe de criação que fará o clipe do artista vencedor, que será lançado pela Sony-BMG.

A partir do dia 13 de novembro, serão escolhidos três (dois pelo júri, um pelo público) para a final. Eles farão uma turnê com shows em Vitória, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Após as apresentações, a comissão julgadora escolherá o vencedor com o voto popular que, nessa fase, vale como o de um membro do júri. No fim do último show, no Rio, o vencedor será anunciado.

Um campeão cara-a-cara com seu público, ouvindo aplausos e vaias, exatamente como nos antigos festivais, não é? Levinson faz a ressalva, meio brincando meio a sério:

- No Maracanãzinho não cabem 400 mil pessoas.