Curiosidade
Você sabe quem foi Oraci Gemba? O nome do edital de publicação de textos de teatro homenageia esse dramaturgo e diretor paranaense, morto em 1994 aos 60 anos. Entre seus principais textos estão Maria Bueno, Cerco da Lapa e Via Crucis. "O teatro que a gente faz hoje tem ecos do trabalho dele", acredita Sílvia Monteiro.
Interatividade
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A recente empolgação nacional com os novos dramaturgos curitibanos, especialmente no contexto do Núcleo de Dramaturgia do Sesi/PR, pode dar a falsa impressão de que só agora passamos a escrever. Nada disso. Profissionais atuantes desde a década de 80, como Sílvia Monteiro, lembram que nossos grupos se autopautavam há muito tempo. "Nossa dramaturgia é silenciosa, mas presente", define.
Essa produção passou a ser documentada em 2007, por meio do edital Oraci Gemba, da Fundação Cultural de Curitiba. Foram quatro livros, trazendo peças inéditas produzidas por aqui.
A dúvida da classe sobre a continuidade do programa de incentivo nesta nova gestão municipal se dissipou parcialmente em reunião com o presidente da Fundação, Marcos Cordiolli, que garantiu o retorno do projeto. Mas a perspectiva temporal não é animadora: primeiro, será realizada uma nova rodada de conversas com a classe artística sobre a reformulação dos editais, para só então lançá-lo, o que poderia ocorrer em 2015. "Depende de estudos técnicos. Mas nos interessa a produção de literatura e de dramaturgia locais", assegurou Cordiolli em entrevista à Gazeta do Povo. Segundo ele, o formato bienal, com a publicação de mais textos num único livro, é interessante.
Memória
A última edição do Dramaturgias Curitibanas (2011/2012) reuniu cinco textos. Alguns já tiveram leituras dramáticas, como O Beijo, de Sílvia. "Foi meu primeiro texto com ideia original, sem ser uma adaptação", revela a autora, que tem experiência na área. Quando ela criou o grupo Delírio, na década de 80, com Edson Bueno e Áldice Lopes, as peças frequentemente tinham dramaturgia própria. "Poderíamos acompanhar o movimento de teatro de grupo da cidade pelos textos produzidos, seguindo o pensamento por trás dos espetáculos."
Por isso, a publicação é vista como fundamental para a manutenção da memória da cena teatral curitibana, mas também para estimular a criatividade e a produção original.
"Que eu conheça, [o Oraci Gemba] é o único projeto no Brasil que incentiva a criação dramatúrgica, sem ser simplesmente um concurso", contou à reportagem o autor e diretor Enéas Lour. Ele publicou nas duas últimas edições: Reivalino e Dagobé (ambos os dois assassinos contratados), no livro de 2009, e Otto e Maria, no de 2011/2012.
A pesquisadora Lígia Souza Oliveira, que publicou Encontros Diários na última edição do Dramaturgias Curitibanas, é uma defensora ferrenha da publicação de textos de peças e do estímulo a sua leitura. Criou o blog Habitando o Papel com esse objetivo, e direcionou seus trabalhos de mestrado e doutorado para essa área.
Tendo acompanhado a criação de textos feitos no calor de um processo de montagem de espetáculo, ela acredita que um "texto de gabinete", escrito independentemente pelo dramaturgo, tem suas vantagens. "Há um exercício de linguagem mais profundo. Por outro lado, é preciso encarar as palavras enquanto fala", disse à reportagem.
Outra alegria trazida pelo projeto à classe, na opinião de Lígia, é a reunião de nomes iniciantes como o dela própria, além de Diego Fortes e Luiz Felipe Leprevost ao da geração mais experiente, como Sílvia, Enéas, Renato Perré e Luiz Roberto Meira.
Discussão
A revisão dos editais municipais para a área cênica ainda não tem prazo para começar. Por enquanto, foram realizados dez encontros com artistas da cidade de várias áreas. Um dos interesses manifestados por Cordiolli é o de investir em editais integrados, que pensem a produção e a circulação inclusive nacional e internacional de espetáculos.
Um dos principais editais da área de teatro, o de ocupação do Teatro Novelas Curitibanas, terá sua nova edição até o fim de ano, promete Cordiolli.
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