CD
Indie Cindy
Pixies. Lab 344. R$ 29,90. Rock. Disponível no iTunes: US$ 7,99 e US$ 11,99 (versão deluxe).
Há dez anos, os Pixies voltavam aos palcos, meio encucados, ainda que sob histeria retroativa de seus fãs. Um dos shows mais bonitos que a Pedreira Paulo Leminski já viu foi exatamente em 8 de maio de 2004 "Where Is My Mind" ecoou por todo Pilarzinho e deve ter feito os vizinhos mais roqueiros improvisarem um abaixo assinado para que a banda de Black Francis (guitarra, voz), Joey Santiago (guitarra), David Lovering (bateria) e Kim Deal (baixo e voz) não deixasse Curitiba nunca mais.
O receio de todos, àquela altura, era que o quarteto lançasse repentinamente um novo álbum. Porque sabiam-se das rusgas nos bastidores, principalmente entre Kim que dividia suas atenções com o The Breeders e Francis. Mas a banda de Boston apostou em seu passado, no que fez desde 1986, quando surgiu em Boston. E lançou-se em turnês mundiais, um revival noventista de sucesso garantido. O novo disco só veio agora, uma década depois.
Indie Cindy é o primeiro álbum dos Pixies em 23 anos muitas bandas de um só verão surgiram desde que Trompe le Monde foi lançado. E as notícias sobre o novo registro começam com um pecado: Kim Deal, pela primeira vez, não participou das gravações. Foi substituída pela argentina Paz Lenchantin que, se carrega a experiência de ter tocado com A Perfect Circle e Zwan, projeto bacana de Billy Corgan, simplesmente não é Kim.
Produzido por Gil Norton mesmo cara por trás dos essenciais Doolittle (1989) e Bossanova (1990), o novo álbum foi retalhado em três EPs, lançados durante 2013 e o início de 2014 marketing compreensível para dar vida extra às novidades de uma banda que ostentava o passado.
Com doze músicas a versão deluxe tem outras 13 ao vivo , Indie Cindy ignora o que era natural aos Pixies: aquele estranhamento bem-vindo lembram das letras malucas sobre o espaço, instabilidade mental e incesto? e uma postura rocker contagiante, sempre verossímil, nunca forçada.
Assepticamente produzido, não há espaço para pontos fora da curva exceto, talvez, pelos berros sensacionais de Francis na boa "Blue Eyed Hexe". Mas há bizarrices: com o reverb no talo, Francis proclama algo em esperanto em "Andro Queen". Músicas longas demais, como a faixa-título, dão ao disco um peso inconveniente, que nada combina com "aquele" Pixies. Há projetos de baladas, como a extraterrena "Greens and Blues" "Eu digo que sou humano/ mas você sabe que eu minto" e um flerte com a música eletrônica em "Bagboy", em que Francis soa como um pastor mal-humorado.
O que fez Pixies ser Pixies foi a possibilidade de ouvir algo que causa tanto espanto quanto afeto. E isso não existe mais. Cadê você, Kim Deal? GG1/2
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