Grande e luxuoso: o Cine Avenida foi símbolo da era de ouro da “ cinelândia curitibana”| Foto: Reprodução/24Quadros

O prédio do Cine Lido está à venda. A imobiliária que o administra quer cerca de R$ 8 milhões pelo espaço do antigo cinema da rua na Ermelino de Leão, que exibe filmes pornográficos desde 2004.

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O Lido hoje é o último cinema comercial do centro de Curitiba (ao lado do pequeno Lido II, na rua Riachuelo). Se for vendido, será o fim de um ciclo histórico da região conhecida como “cinelândia curitibana” e que abrigou a maior parte dos cinemas da cidade.

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Veja como estão hoje os cinemas de rua de Curitiba

História iniciada em 1910, quando o espanhol Francisco Serrador fez a primeira exibição comercial de cinema.

Curitiba já teve tantas mais de 50 salas de cinema de rua. Hoje, restam apenas dois cinemas públicos: a Cinemateca, no São Francisco, o Cine Guarani, no Portão Cultural, além da iminente abertura de duas novas salas na rua Riachuelo, em 2017.

Televisão, VHS e mercado imobiliário

Um declínio que se iniciou ainda na década de 1970, segundo o crítico de cinema Marden Machado. A popularização da televisão e dos filmes em VHS, na década seguinte, tiraram a hegemonia das salas de exibição da rua, que migraram para as salas multiplex nos shopping centers.

300 Cinemas

é o número de salas de cinema que devem ser fechadas nos próximos anos em todo o Brasil de acordo com o site Filme B que analisa o mercado cinematográfico.

Curitiba que já teve mais de 50 salas hoje em dia só tem duas

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“Pesou uma série de fatores ao mesmo tempo. O fundamental foi a falta de frequência às salas. Os cinemas de rua, em geral, eram grandes, e quando o público começou a se afastar por conta da falta de comodidade e segurança, ficou inviável manter as salas ativas”

De acordo com um levantamento do site Filme B, o futuro dos cinemas de rua não é nada bom. A estimativa de 2014 é de que pelo menos 300 salas fechem em todo o país nos próximos anos.

Isto porque uma sala de cinema não sobrevive, com lucro para o exibidor, sem uma taxa de ocupação perto dos 70% ou uma média de 60 mil espectadores por ano. Número muito distante do que a maioria dos cinemas de rua de iniciativa privada consegue cativar.

Pesa ainda o fato dos imóveis grandes e bem localizados dos antigos cinemas de rua são muito atrativos ao mercado imobiliário. Não raro viram estacionamentos ou igrejas ou são demolidos para construção de edifícios.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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Filas e mais filas

Nem sempre foi assim. Dos anos 1930 até a década de 1980, os cinemas de rua foram a grande opção para diversão. Para todas as faixas etárias.

Em Curitiba, a maior parte ficava no centro, mas também havia os cinemas de bairro, com ingressos mais baratos e programação mais popular, como o São Cristóvão (Vila Guaíra), o Picolino (Juvevê) e o Ribalta (Bacacheri), entre muitos outros.

Ex-projetista dos cines Astor e Plaza nas décadas de 1970 e 80, Élio Borges viu de dentro a transformação pela qual passou o mercado.

“O cinema era um acontecimento. O pessoal se arrumava para vir à sessão e formava filas e mais filas. Foi uma época boa, mas este tempo já passou e não volta mais”.

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