Cenário simples, cantores pouco conhecidos, palco pequeno. A estréia de La Serva Padrona, ontem à noite, marca uma nova tentativa do Centro Cultural Teatro Guaíra de emplacar uma temporada de ópera na cidade. Em certo sentido, trata-se de uma tentativa radical. Para driblar a falta de dinheiro, a diretoria e o maestro Aleassandro Sangiorgi fizeram uma montagem quase mambembe da obra cômica de Giovanni Battista Pergolesi (1710 – 1736).

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A escolha do Guairinha não chega a ser um indicativo da falta de verba. Sangiorgi diz que pretende montar todos os anos uma "ópera de câmara" na cidade. O projeto inicial para 2005 era Dido e Enéas, de Henry Purcell (1659-1695). Não deu certo, por falta de financiamento. Surgiu então a idéia de trabalhar com Pergolesi. São apenas dois cantores e um ator mudo. No caso da montagem paranaense, há mais quatro atores, fazendo papéis secundários. Invenção do diretor Roberto Innocente, que já foi criticado por criar personagens-espelho nesse estilo para a primeira ópera do Guaíra no ano, La Bohème (apresentada em juhno).

Elenco

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Os cantores, escolhidos por meio de um concurso entre iniciantes, dão conta do recado. Receberam um cachê pequeno para fazer os papéis, mas certamente ganharão projeção. Tatiana Aguiar, a soprano, além de cantar bem, é boa atriz. Bruno Spadoni, o baixo, faz seu trabalho tranqüilamente. A orquestra, em formato miniatura, só precisa fazer o mínimo para deixar a música rolar. Ponto para o maestro Sangiorgi, pelo esforço de reunir o elenco.

Humor

Na parte cênica, o destaque é o ator Mauro Zanatta, que faz o silencioso Vespone. Fez a platéia para rir escancaradamente – fingiu arrancar a cabeça do maestro, que saía do fosso da orquestra, pulou, rolou, lutou de espada. Deu o toque de humor que normalmente se perde em montagens mais comedidas. (RWG) GGG