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A soprano Josianne dal Pozzo e o barítono Marcelo Dias estrelam o espetáculo | Divulgação
A soprano Josianne dal Pozzo e o barítono Marcelo Dias estrelam o espetáculo| Foto: Divulgação

Teatro

Veja este e outros espetáculos no Guia Gazeta do Povo.

Esse é um caso típico de opção pelo caminho mais difícil. Pimpinone, ópera cômica de George Telemann que terá apresentações de amanhã até domingo, na Capela Santa Maria, é uma versão anterior – e mais complexa – da conhecida La Serva Padrona, de Giovanni Battista Pergolesi (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

A ideia era justamente encenar uma obra pouco acessível e menos difundida, aproveitando o tricentenário de Telemann, comemorado neste ano. "É uma das primeiras óperas do barroco renascentista", explica o diretor cênico Jul Leardini, que trabalha no espetáculo em parceria com o regente Ricardo Bernardes.

A história faz uma abordagem vanguardista, para o século 18, da autoridade feminina e a respectiva sujeição do "senhor da casa". Outras óperas do período tratam do tema, como Così Fan Tutte, de Mozart.

Em Pimpinone, tanto a dramaturgia (de Johann Philipp Praetorius) quanto a música são descritas pela equipe da montagem como "duras" e "densas", mas também bastante teatrais e cômicas.

"A música não é simples, é complexa e sofisticada. Mais da metade das árias e duetos são em italiano, o restante é em alemão. Mas é uma música maravilhosa, da qual fui gostando ao longo do processo", relembra Bernardes.

Na trama, Vespetta é contratada pelo velho Pimpinone, que se interessa por ela em mais de um sentido. Para que Vespetta assuma a governança da casa, ele põe condições: a moça tem que ser direita, não dessas que gostam de "ir à ópera e outras frivolidades". Quando eles se casam e ela se torna "patroa", a garota decide que "não é mais ‘sim senhor’, e sim ‘eu quero’": ela irá aprender a dançar, ir ao teatro e falar francês. Que remédio tem Pimpinone senão obedecer?

Incluindo um trecho falado em português, o tom é mesmo de comédia. "Mas é um riso alemão, meio engasgado", brinca Leardini.

"O século 18 fazia piada do poderio feminino. No final das histórias, quem manda são as mulheres", enfatiza o maestro.

Nove anos depois da estreia de Pimpinone em Hamburgo, surgia na Itália La Serva Padrona, obra que ganharia ainda mais destaque pela morte prematura do compositor Pergolesi.

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