Rio de Janeiro - O cineasta Jacques Cluzaud, codiretor de Oceanos, hoje em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês, não gosta muito quando chamam seu filme de documentário. Simpático e falante, ele prefere defini-lo como uma "ópera selvagem".
Produzido e codirigido por Jacques Perrin, conhecido ator de clássicos como A Garota com a Valise, de Valerio Zurlini, e Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore, Oceanos é um daqueles filmes que precisam ser vistos de olhos (e ouvidos) bem abertos. Trata-se de um impressionante espetáculo audiovisual que encontra na natureza uma coautora e também caprichosa prima-dona.
Rodado em 50 locações ao redor do mundo, o longa-metragem, que deve estrear em circuito comercial no mês de julho, é resultado de um trabalho de quatro anos e meio de filmagem. Graças à ousadia do projeto e à coragem e perícia da equipe de megulhadores/operadores de câmera Oceanos supera qualquer outra produção do gênero. E, depois de assisti-la, não é difícil concordar com Cluzaud: não se trata mesmo de um "documentário" no sentido mais clássico do gênero.
O diretor, em entrevista concedida à reportagem da Gazeta do Povo, no Rio de Janeiro, contou que a proposta inicial era realizar uma obra de ficção a respeito de um lendário dirigente do Greenpeace. Mas, à medida em que as imagens marítimas foram sendo captadas, Cluzaud e Perrin se aperceberam da riqueza do material que tinham nas mãos. E mudaram o rumo do projeto.
Apesar de distinto de A Marcha dos Pinguins, Oceanos tem em comum com a produção francesa, vencedora do Oscar de melhor documentário em 2006, além da nacionalidade, o fato de ter sido montada como uma obra de ficção.
Ecologia
Indagado sobre o viés ecológico do filme, que denuncia a ação predatória do homem tanto poluindo quando matando animais indiscriminadamente, Cluzaud fica sério por alguns segundos, ponderando sobre o que vai dizer. Por fim, afirma: "Eu e Jacques (Perrin) preferimos dizer que Oceanos é uma obra engajada, não militante."
Dividido em blocos temáticos, intitulados com palavras que sugerem conceitos abstratos como "ternura", "velocidade", "agressão", Oceanos mostra as criaturas marítimas como elas poucas vezes foram vistas. Isso por conta de um dispositivo criado especialmente para o filme que permitiu aos mergulhadores se aproximarem, por exemplo, de um grande tubarão branco, sem que o animal fosse espantado pelas bolhas de ar produzidas pelo equipamento de respiração submarina.
Outro cuidado da produção foi em não antropoformizar os animais, uma tentação quase inevitável em filmes relacionados à natureza. Cluzaud, que foi assistente de direção em longas-metragens premiados como Indochina, de Régis Wargnier, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, disse que Oceanos enfoca "as emoções" da fauna retratada enquanto atos instintivos, que "aconteceram" diante da câmera, como o amor e o senso de proteção de uma morsa por seu filhote, mas não ali há o intuito de humanizár os bichos. "Na verdade, somos nós que nos humanizamos diante da natureza e dos animais, e não o contrário." GGGG
Serviço
Oceanos. França, 2009. Direção de Jacques Perrin e Jacques Cluzaud. Unibanco Crystal, às 17 horas. Classificação indicativa: livre.
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