Dia 28 de fevereiro, terça-feira gorda de carnaval, será o último dia da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) e do Balé Teatro Guaíra (BTG), tal como os conhecemos, desde suas respectivas fundações em 1985 e 1969.
Em julho do ano passado, uma decisão do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) declarou inconstitucional a lei de 2003, editada pelo então governador Roberto Requião (PMDB),que criou cargos de comissão para 30 dos 80 músicos da OSP e para todo o corpo de bailarinos do BTG. Com o julgamento, os cargos foram extintos.
Em agosto do ano passado, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) pediu uma prorrogação de prazo de extinção dos cargos para “viabilizar uma transição sem interrupção das atividades da orquestra e do balé”.
Este prazo, porém, extingue-se no final de fevereiro sem que o governo estadual tenha conseguido promover o Processo Seletivo Simplificado (PSS), modalidade de concurso público com que se fará a contratação do novo quadro de músicos e bailarinos.
Segundo o secretário de Cultura João Luiz Fiani, a intenção da Palco Paraná, a entidade paraestatal que gere o Teatro Guaíra desde 2014, é que o processo seja realizado até o próximo mês de abril.
“Estes cargos ficaram irregulares durante anos. Estamos fazendo a coisa certa. Não vão acabar nem o balé, nem a orquestra. O Tribunal de Contas exige que se faça um concurso público e precisamos cumprir a lei e seus prazos”, afirma o secretário.
A diretora do Teatro Guaíra, Mônica Rischbieter, explica que a o certame público não ficou pronto a tempo de evitar o encerramento das atividades, pois a assinatura do contrato de gestão entre a Palco Paraná e o governo só aconteceu em dezembro de 2016 e, segundo ela, os meses de janeiro e fevereiro não foram suficientes para regularizar os trâmites administrativos do processo.
“Estamos trabalhando no edital desde dezembro. Tanto o balé e a orquestra vão renascer dentro da lei com o mesmo número de integrantes e mais garantias do que as que se dão a funcionários comissionados”.
Monica acredita que as audições e contratações dos novos músicos e bailarinos vão acontecer em abril e as atividades retomadas em junho, caso não ocorram as previsíveis impugnações do concurso por parte dos funcionários exonerados.
“Estamos tristes porque o balé e a orquestra estão em grande fase. Nós tentamos de todas as maneiras que as pessoas migrassem do corpo atual para o novo modelo, mas a regra é muito clara e exige um novo processo seletivo”.
“Cerimônia do adeus”
Os bailarinos do BTG convocaram para esta quinta-feira, (23), uma evento de despedida, às 17h30, na Praça Santos Andrade, em frente ao Teatro Guaíra. “Vamos dançar, que é o que a gente sabe fazer. Convocamos todos a entrarem na dança conosco. Esperamos que seja um enterro temporário, mas a gente não sabe o que vai acontecer no futuro”, explica a bailarina Patrícia Machado.
Há nove anos no BTG, Machado diz que o sentimento entre os integrantes é de tristeza e incerteza. “Ninguém sabe quando será a recontratação, nem em que condições o novo balé será criado, nem quanto tempo o público vai ficar sem espetáculo. Sabemos que seremos exonerados e até segunda ordem a companhia não volta. A gente não está lutando pelos nossos empregos e cargos, e sim pela continuidade de um bem cultural”.
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