
Serviço
Weeds. Estreia da 7ª temporada, dia 27, às 23h45, no canal pago GNT. Reprise da 1ª temporada, quartas, às 22 horas, no canal pago A&E.
Breaking Bad. Último episódio da 4ª temporada. Segunda-feira, às 23 horas, no canal pago AXN.
Dexter. Reprise da 2ª temporada. Quintas, às 22 horas, no canal pago Liv, e às 23 horas, na RedeTV.
Uma mãe de família suburbana se torna traficante de maconha para sustentar a família depois da morte do marido. Um professor de Química frustrado, com os dias contados por causa de um câncer no pulmão, usa seus conhecimentos para produzir e vender uma droga poderosa produzida a partir de metanfetamina. Um investigador forense, que tem o sangue como especialidade, esconde um segredo: é um serial killer cuja missão assassina é eliminar malfeitores, encarnando uma espécie de psicopata justiceiro.
Esses anti-heróis são os personagens centrais de três das séries norte-americanas de maior sucesso no mundo: Weeds, Breaking Bad e Dexter, respectivamente. Esses protagonistas, embora estejam longe de serem vilões no sentido clássico da expressão, encarnam tipos que denunciam, se não exatamente a falência, a obsolência de um padrão americano por excelência o da virtude acima de tudo.
Há, hoje, pouco sentido em reiterar o chamado sonho americano em um país que enfrentou a tragédia do 11 de Setembro, o qual revelou os terríveis efeitos colaterais do protagonismo dos EUA no mundo, e a crise econômica de 2008, responsável por mergulhá-los numa incerteza material da qual se julgaram sãos e salvos nas últimas décadas.
E, em uma sociedade em crise, tanto no âmbito econômico e social quanto ético, Nancy Botwin (de Weeds), Walter White (Breaking Bad) e Dexter Morgan (Dexter) parecem um tanto emblemáticos, ainda que não sejam exemplares no bom sentido.
Mãe coragem
Mary Louise Parker já era um nome respeitado no cinema (Tomates Verdes Fritos), televisão (Angels in America) e no teatro (A Prova, pelo qual ganhou o prêmio Tony) quando foi convidada pera viver Nancy Botwin.
Embora Weeds seja, em tese, uma comédia, a saga de Nancy vai além dos limites do gênero. O arco dramático percorrido pela personagem, mãe de dois filhos, os igualmente erráticos Silas (Hunter Parrish) e Shane (Alexander Gould), se aproxima mais do tragicômico. Tudo começa quando ela, recém-viúva, resolve traficar maconha em uma cidade típica dos subúrbios de Los Angeles.
Ela perde a casa, depois se vê forçada a se mudar para uma cidade na fronteira com o México, se envolve e tem uma filha com Esteban (Demián Bichir), um político corrupto, conectado ao crime organizado do país vizinho.
Em companhia de Silas, Shane, o bebê recém-nascido e o cunhado, Andrew Botwin (Justin Kirk), um sujeito de caráter para lá de duvidoso com quem mantém um relacionamento de amor e ódio, Nancy percorre uma jornada de sucessivos erros que sempre os conduzem a situação absurdas, quando não surreais. Elas culminam com sua prisão no fim da sexta temporada, enquanto o resto da família vai viver em Copenhague.
No início da sétima temporada, Nancy se muda para uma casa de recuperação em Nova York, onde volta a se reunir com a família, elemento onipresente nas três séries, mas sempre subvertido, no sentido de expandir suas possibilidades de configuração.
Vida e morte
Com uma premissa bastante semelhante à de Weeds, Breaking Bad, atualmente em sua quarta temporada, foi escolhida pela revista Entertainment Weekly o melhor programa da tevê nos EUA em 2011.
A saga de Walt White se aproxima da de Nancy na medida em que ambos são cidadãos da classe média, de bem, que, por força de circunstâncias adversas em suas vidas pessoais, atravessam os limites da contravenção para lidar com a produção e o tráfico de drogas.
Mas Breaking Bad, embora também tenha elementos da comédia do absurdo, é mais dramática e violentíssima.
Professor secundário frustrado, o promissor químico do passado complementa o orçamento trabalhando em um lava-carros até descobrir que tem um câncer em estágio avançado. Detalhe: tem um filho, Walt Jr. (RJ Mitte), com sequelas de uma paralisia cerebral, e sua esposa, Skylar (Anna Gunn), engravida de repente.
Com medo de deixar a família na completa miséria, White associa-se a Jesse Pinkman (Aaron Paul), um jovem traficante oriundo da classe média, renegado pelos pais, que vive no fio da navalha. Juntos pretendem produzir a melhor crystal meth (anfetamina seis vezes mais barata que a cocaína, mas que provoca efeitos dez vezes mais intensos) do Novo México.
Da mesma forma que os Botwin em Weeds, White, que tem um cunhado no Departamento de Combate ao Tráfico de Entorpecentes, trilha um caminho tortuoso. Ele eventualmente o levará à separação de Skylar, que desconfia dos constantes desaparecimentos e do comportamento misterioso do marido. Já na segunda temporada, um novo personagem, o traficante Gus (Giancarlo Esposito), entra em cena para potencializar o negócio do professor de Química antes de se voltar contra ele.
Justiceiro
Se Nancy e Walt são cidadãos normais que pegam como atalho o desvio da contravenção, Dexter Morgan trilha o caminho oposto. O investigador forense busca, a todo custo, forjar uma aparente normalidade, que esconda sua faceta monstruosa de assassino em série.
Vivido com maestria por Michael C. Hall, revelado pelo seriado A Sete Palmos, Dexter é, talvez, o mais radical dos personagens atualmente no ar. Depois de presenciar, quando era um pouco mais do que um bebê, a morte brutal da mãe, o personagem é criado por um policial de Miami que, ao perceber as tendências assassinas do filho, resolve treiná-lo para que coloque em prática seus instintos contra pessoas que mereçam esse fim.
Como Weeds e Breaking Bad, Dexter também fala de uma América multirracial, onde o convivio entre grupos étnicos não é pacífico pelo contrário, é muitas vezes fator gerador de tensão intensa. Um dos esteios da ambicionada normalidade do protagonista psicopata é sua irmã adotiva, a também policial Debra (Jennifer Carpenter, de O Exorcismo de Emily Rose), com quem vive uma relação muito próxima, mas cuja ambiguidade caminha na sétima temporada, prestes a se iniciar, rumo a um clímax perturbador. Polêmica à vista.
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