Grande favorito ao Oscar 2006, com oito indicações ao prêmio, estréia hoje no Brasil o polêmico western gay O Segredo de Brokeback Mountain, longa-metragem do diretor taiuanês Ang Lee que venceu o Leão de Ouro no último Festival Internacional de Veneza, além do Globo de Ouro de melhor filme (drama), diretor, roteiro e canção.
Quando lançado no mercado norte-americano, em dezembro passado, O Segredo de Brokeback Mountain era uma incógnita: ninguém sabia ao certo como setores mais conservadores e puritanos da sociedade iriam recebê-lo. Passados quase dois meses desde que entrou em cartaz, a produção já pode ser considerada um sucesso. Com um orçamento de US$ 11 milhões, valor módico para os padrões de Hollywood, já rendeu perto de US$ 53 milhões e tem alcançado boas médias de público até mesmo em estados onde o homossexualismo é tabu, senão crime.
Todo o frisson em torno do longa tem tem uma justificativa bastante forte: baseado em um conto da escritora E. Annie Proulx (vencedora do prêmio Pulitzer por Chegadas e Partidas), o filme de Ang Lee, já vencedor de um Oscar por O Tigre e o Dragão, conta a intensa história de amor entre dois caubóis, ícone maior da civilização norte-americana.
O enredo tem início em 1963, quando os vaqueiros Jack Twist (Jake Gyllenhaal, de Soldado Anônimo) e Ennis del Mar (o australiano Heath Ledger, de A Última Ceia) são contratados para cuidar de um rebanho de ovelhas em Brokeback Mountain, região montanhosa e inóspita no estado de Wyoming. Isolados do mundo, os dois pouco a pouco vão se aproximando até perceber que sentem algo que transcende o mero companheirismo.
O que poderia ser apenas um idílio passageiro, no entanto, acaba se revelando uma paixão tórrida e de proporções épicas. Jack e Ennis se casam e têm filhos, mais ou menos seguindo as normas da ordem social em que estão inseridos. Não conseguem, contudo, dar as costas para o sentimento que os une e, ao longo de duas décadas, mantêm encontros furtivos e períodicos, sempre no mesmo lugar Brokeback Mountain.
Ang Lee, a exemplo do que Todd Haynes fez com o melodrama pós-modernista Longe do Paraíso, se apropria das convenções do western, um gênero hollywoodiano clássico, para subvertê-lo. Estão lá as paisagens monumentais, enquadradas em grandes planos abertos, o confronto entre o mundo civilizado e as forças da natureza e o sentimento de companheirismo e parceria reinante em um universo eminentemente masculino. Só que Lee dá um passo à frente ao transformar seu filme de caubói em um drama romântico e arrebatado, aos moldes de O Morro dos Ventos Uivantes e ... E o Vento Levou. Não há como ficar indiferente a essa ousadia.
Da impressionante fotografia do mexicano Rodrigo Prieto (de Amores Brutos) à trilha sonora ao mesmo tempo lírica e minimalista do argentino Gustavo Santaolalla (de Diários de Motocicleta), Brokeback Mountain é um filme impecável, esplêndido em todos os aspectos. Sua força, entretanto, vem, sobretudo, das atuações de Ledger, indicado ao Oscar de melhor ator, e Gyllenhall, na disputa de coadjuvante. Galãs em ascensão, os dois demonstram coragem incomum em astros hollywoodianos, ao desafiar suas imagens públicas. A bravura parece ter valido a pena. Fizeram um dos melhores filmes do ano e desde já um marco na história do cinema. GGGGG
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