Como dois pesquisadores de folclore, escritores e professores universitários na Alemanha do século 19 viram dois malandros que vivem de enganar o próximo? Pelas mãos do diretor Terry Gilliam, ex-Monty Python, em seu último longa, "Os irmãos Grimm", que estréia nesta sexta (7) no Brasil.
Foi um dos fracassos do verão americano de 2005, arrecadando apenas a metade dos US$ 80 milhões gastos na produção, com um grande elenco encabeçado por Matt Damon, como o ambicioso Wilhelm/Will e Heath Ledger, como o visionário Jacob. No lado feminino brilham Lena Headey como a destemida caçadora Angelika e Monica Belucci, como a Rainha do Espelho, esta com menos tempo de tela que sua beleza e, vá lá, talento, merecem.
Gilliam fez uma fantasia dark envolvendo magia negra numa mistura das histórias dos irmãos verdadeiros como "Chapeuzinho Vermelho", "Rapunzel", "Hansel e Gretel" e "Cinderela", entre outras. As cenas de violência, incluindo a morte de crianças, uma delas devorada por um cavalo enfeitiçado, fazem com que o filme nada tenha de infantil, mais puxado para o terror. Esta ambigüidade talvez seja uma das causas do fracasso na América. A maioria da crítica de lá odiou o filme, alguns bateram até quando elogiavam: "Uma confusão absurda que diverte mais do que lhe seria de direito", disse o crítico Ty Burr, do "Boston Globe". "Vale a pena ver, mesmo quando não vale a pena," confundiu Michael Booth, do "Denver Post".
O roteirista Ehren Kruger ("O chamado 1 e 2") jogou fragmentos de fábulas no caldeirão e extraiu uma história que merece ser vista pela atuação dos atores, os efeitos especiais e a mão caótica de Gilliam, diretor de obras intrigantes como "Brazil, o filme", "Os 12 macacos", "As aventuras do Barão de Munchausen" e "Fear and loathing in Las Vegas".
Associados a dois atores de quinta categoria, Hidlick (McKenzie Crook) e Bunst (Richard Ridings), Will e Jacob percorrem a França ocupada por Napoleão no final do século 18 dando golpes. Os atores vão para uma aldeia e criam uma assombração qualquer. Para exorcizá-la, chegam os Irmãos Grimm, metendo a mão no bolso dos aldeões com listas de materiais que incluem coisas como lágrimas de bebês e detectores metálicos de assombrações. Eles dão o golpe bem sucedido numa aldeia, mas a comemoração não dura muito. Um militar italiano sádico, Cavaldi (Peter Stormare) já estava na cola deles e segura os dois, levados ao comandante francês, general Delatombe. Este os ameaça com horríveis torturas e com a morte a menos que se dirijam à cidade de Marbaden onde ele acredita que charlatões como eles aprontam assombrações e sumiços de crianças.
Will e Jacob lá chegam confiantes de que se trata de alguma armação, mas aos poucos começam a perceber que não é bem assim. Os espectadores sabem antes deles que a floresta é amaldiçoada, com árvores carnívoras que se mexem, corvos onipresentes, um lobisomem e uma misteriosa rainha de 500 anos numa torre, toda encarquilhada, que prepara feitiços para voltar aos seus dias de juventude. Quem vencerá? Não é difícil adivinhar...
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