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Quem foi ao show da banda Os Mutantes no Curitiba Master Hall neste último sábado (17) (veja algumas imagens) voltou para casa em estado de êxtase. Afinal de contas foi o retorno do lendário grupo - que chegou ao fim há nada mais nada menos do que 30 anos - com formação quase original: os irmãos Arnaldo Baptista (teclados, baixo e vocais) e Sérgio Dias (guitarra e vocais); Dinho Leme (bateria); e Zélia Duncan (vocais), no lugar de Rita Lee, que se recusou a retomar seu antigo posto no grupo.

Mas não só por isso, foram mais de 20 músicas executadas em "enlouquecedoras" duas horas e meia de muita nostalgia. As músicas, todos (se não todos a maioria) já conheciam. As letras estavam na ponta da língua, tanto dos mais velhos quanto dos mais novinhos (que surpreendentemente encheram o local). Mas o que muita gente nem sabe é que em cima do palco, no comando dos teclados, um talento da casa acompanhava os acordes dessa banda que revolucionou o rock nacional na década de 60, com todo seu experimentalismo e criatividade.

Ele é o curitibano Henrique Peters, de 34 anos. O músico começou a aparecer nos palcos da capital com a banda Ipsis Literis, na qual tocou por 12 anos e a ela atribui toda a sua formação musical. Atualmente, Peters é o tecladista da banda Black Maria, que está dando um tempo mas deve retornar em breve aos palcos. O curitibano está em turnê com Os Mutantes desde o retorno da banda. Eles já estiveram em Londres, no show que deu origem a um DVD, nos Estados Unidos, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em entrevista à Gazeta do Povo Online, o músico contou como conseguiu a façanha de se tornar um mutante, como foi a recepção do público curitibano e como andam seus projetos profissionais. Confira os principais trechos da entrevista.

Como foi o seu ingresso nos Mutantes?Um dos projetos que tenho é o Black Maria e em 2003 fomos gravar o terceiro disco no estúdio do Sérgio Dias, em São Paulo. E quando você vai gravar no estúdio dele, você fica morando na casa dele e gravando. E nesse período a gente afinou uma amizade. A gente cultivou essa amizade e nunca parou de se falar. E ele sempre vinha com a promessa de que um dia a gente iria tocar juntos. No começo de 2006 o Sérgio Dias ligou falando que os Mutantes estavam voltando e eu já fiquei super feliz. No outro dia ele ligou de novo e disse: "Vem que você vai ser o tecladista". Eu trabalhava em uma produtora, expliquei a situação e me mandei.

Quando os Mutantes acabaram, em 1977, você era uma criança. Você já tinha alguma ligação com a banda antes do convite? Eu comecei a ouvir quando era adolescente com os amigos daqui que formaram o Black Maria. A gente teve uma influência direta do trabalho deles, na busca do rock and roll nacional. Eles sempre foram ícones para mim.

Como é fazer parte de uma das bandas mais emblemáticas do país?É uma emoção bem diferente. Não é uma banda nova, que está se abrindo no mercado. Eles voltaram por um desejo mútuo de muita gente e eu estar junto é um presente para a minha carreira. Uma coisa que eu vou guardar para o resto da vida e tenho certeza que vou colher bons frutos.

Quais são as suas impressões sobre o show em Curitiba, subindo ao palco com uma banda que já tem uma história de sucesso e grande público?O curitibano tem aquela fama de fechado e fiquei apreensivo. Mas a expectativa estava toda errada. O público foi à loucura, cantava todas as músicas e muito alto. Nós fizemos o bis (Panis Et Circenses) e depois eu contei no relógio, foram dez minutos do povo berrando "Mutantes, Mutantes". Eu não acreditei. Eu perguntava: "O que é isso?". Aí a gente voltou e fez o "tris" (Tecnicolor). E tinha muita gente nova, 17, 18 anos. Pai que gostava e levou o filho dessa idade.

E como você sentiu essa receptividade para o restante dos músicos?Foi uma emoção no camarim. O pessoal dizia: "A sua terra aqui sempre é boa". A Zélia Duncan tocou há pouco tempo no Guaíra e disse: "Meu show foi legal pra caramba, mas aqui pegou na veia".

Como está a agenda de shows dos Mutantes?Até o fim deste primeiro semestre teremos bastante shows. Faremos turnê no Nordeste, depois Porto Alegre, São Paulo, Estados Unidos e Europa. Mas tem bastante coisa projetada até o fim do ano.

A banda Black Maria está dando um tempo desde o fim do ano passado. Como anda o projeto e quando o público poderá ver a banda nos palcos novamente?Cada um está resolvendo seus projetos pessoais, também estamos compondo, criando idéias. Neste primeiro semestre vamos gravar o quarto disco. A gente está em estúdio desenvolvendo o novo material. Logo, logo estaremos de volta.

E o seu projeto Camarada Zó?Estamos em processo de laboratório. Temos um disco lançado em 2001 e estamos gravando o segundo. Ele é um trabalho autoral meu, galgado em cima de um suingue mais pesado. É difícil explicar, é como um Jamiroquai mais pesado. O legal é que estou voltando a compor. Com essa história de Mutantes consegui reforçar mais a minha veia artística.

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