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Há muitas estratégias para tentar evitar a solidão. Altamir Tojal conhece algumas dessas possibilidades e faz disso ficção.

Os oito contos de Oásis Azul do Méier são representações literárias de como o ser humano não consegue lidar com o que chama de "estar só".

"O Último Ônibus para Copacabana" é um conto de Natal, e mostra um sujeito (João) que, na véspera das festas de fim de ano, só encontra conforto na companhia de uma acompanhante remunerada e, mesmo assim, não consegue diminuir o desconforto que é o silêncio que separa dezembro de janeiro.

O conto que dá nome ao livro é, desde já, um clássico da ficção brasileira.

O enredo apresenta um vendedor de quinquilharias que, inesperadamente, participa de uma aventura inesquecível. Edgar, mesmo com o casamento em ruínas, havia deixado de pensar e de olhar para as curvas femininas, inclusive as muitas que desfilam pelos calçadões à beira do mar em Copacabana, Ipanema e Leblon.

Mas, durante uma tarde, ele sai de casa para entregar um pinguim usado a uma cliente e, enquanto é costurado um envolvimento sensual dentro de um apartamento, simultaneamente o narrador mostra os movimentos do marido da mulher que vai cometer adultério. Ele, o que será traído, é policial, sabe atirar, e decide sair do trabalho mais cedo porque sente o desejo de presentear a esposa com rosas.

Somente o leitor e o narrador sabem que a esposa do policial está se insinuando e vai deitar com um desconhecido enquanto o marido, em cima de uma moto, dispara pelas ruas de um Rio de Janeiro quente e com cores fortes, aspectos que Tojal também imprimiu em outros textos inventivos do livro.

Os náufragos, que são os personagens criados por Tojal, sobrevivem, como todos sobrevivemos às chibatadas do destino, apesar de desilusões e da perda de cores em eventuais óculos de arco-íris. GGGG

Serviço:

Oásis Azul do Méier, de Altamir Tojal. Calibán, 104 págs., R$ 20.

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