Serviço
O Som da Revolução
Rodrigo Merheb. Civilização Brasileira, 531 págs., R$ 55,90.
Bate-papo e sessão de autógrafos Praça Santos Andrade. Hoje, às 10 horas. Entrada franca.
Um rápido bater de olhos sobre a capa de O Som da Revolução: Uma História Cultural do Rock, 1965-1969, o primeiro livro do mineiro Rodrigo Merheb, lançado este ano, pode trazer à mente imagens românticas de uma época tida como dourada no imaginário de muitos.
No entanto, o autor, que participa de um bate-papo e sessão de autógrafos hoje, às 10 horas, na Semana Literária & Feira do Livro Sesc, faz questão de frisar: "não é uma viagem nostálgica".
No livro, artistas como Beatles, Bob Dylan, Jimi Hendrix e Rolling Stones têm suas histórias biografadas e interconectadas com cenas, eventos e movimentos culturais em um momento em que o rock se consolidou como linguagem.
O recorte compreende o período entre dois famosos festivais americanos: Newport, em 1965, onde Dylan gerou polêmica ao trocar o violão pela guitarra, e Altamont, em 1969, que ficou marcado pela violência.
"No final vai ficando pessimista", diz Merheb. "Percebi que tinha ali uma espécie de ciclo de ascensão e declínio de um movimento com ramificações na cultura e no comportamento político da sociedade", diz.
Proximidade
Jornalista "bissexto" e amante da literatura sobre o rock, o autor resolveu se aprofundar no tema depois do término da coluna cultural que assinava no jornal O Tempo, de Belo Horizonte. Boa parte dos mais de 200 livros consultados ele já possuía amostragem que o fez concluir que o conceito de recorte do período de 1965 a 1969 é inédito. "Tem vários livros que contam histórias específicas. Meu desafio foi sistematizar as várias histórias em uma só", diz Merheb.
Oficial de chancelaria, o autor já foi vice-cônsul em Chicago e se valeu da experiência de suas residências tanto nos Estados Unidos quanto na Inglaterra para dar mais solidez à pesquisa. "Isso me ajudou a entender as dinâmicas destas sociedades na época de turbulência que estudei", diz.
Distanciamento
Por outro lado, o fato de não ter vivido a época pesquisada, de acordo com o autor, também foi fundamental para a sua proposta. Além das distorções geradas pela memória afetiva de quem viveu no período, a narrativa foi sendo continuamente recontada ao longo do tempo. "A tendência é se olhar para trás e ver o passado de forma unificadora, editada, como se todo mundo estivesse empenhado em fazer uma revolução, o que é uma leitura equivocada", diz Merheb, para quem a maior parte da sociedade não viveu ativamente a efervescência que costuma ser estendida sobre todo o período: liberdade sexual, consumo de drogas, ativismo político e ideias de revolução, dentre outras, pertenceram a um microcosmos. "Só depois as rupturas foram, muito por causa do rock", explica Merheb, que aponta nesta massificação como um dos paradoxos do gênero. "Não tem como se fazer uma leitura única do rock nem como mecanismo de alienação nem como movimento de libertação", diz. "E isso é fascinante."
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