Los Angeles Cidadão Kane (1941) ganhou apenas um Oscar, mas ainda hoje aparece na maioria das listas como o melhor filme da história. Agora, basta um mero milhão de dólares talvez mais para ficar com o único Oscar que Orson Welles ganhou por sua obra-prima, de melhor roteiro, dividido com Herman Mankiewicz.
A Sotheby´s anunciou que vai leiloar a estatueta em 11 de dezembro, quando espera arrecadar entre US$ 800 mil e US$ 1,2 milhão pela peça. O filme, sobre um magnata da mídia sedento por poder, é considerado um marco por ter introduzido várias novidades cinematográficas, como o uso da profundidade de campo. Isso aumenta o valor da estatueta, segundo Leila Dunbar, vice-presidente-sênior da Sothebys.
"O filme tem um elenco cheio de estrelas. Welles não tinha medo na realização cinematográfica e tinha completa autonomia, e tudo isso o ajudou a criar um filme marcante", disse Dunbar. Esse Oscar tem uma história quase tão conturbada quanto a de Charles Foster Kane, o protagonista do filme. O prêmio foi dado por perdido até reaparecer em outro leilão da Sothebys, em 1994, depois de passar anos sendo guardado em segredo por um fotógrafo de Los Angeles que havia trabalhado com Welles e recebido a peça como pagamento.
A filha mais nova de Welles, Beatrice, processou a Sothebys e o fotógrafo, e acabou recebendo o Oscar. Quando tentou vendê-lo, foi processada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles, que tem por regra manter os Oscars fora do mercado comercial.
Desde 1950, a Academia se reserva a prioridade na compra de Oscars, por US$ 1 dólar, caso os artistas premiados queiram se desfazer das peças. Como a estatueta em questão foi entregue antes de 1950, entre outras razões, Beatrice Welles venceu a disputa judicial. Em 2003, ela vendeu o Oscar à Fundação Dax, ONG de Los Angeles que trabalha com questões educacionais, sanitárias e sociais. É a Dax que colocou a peça em leilão.