
São Paulo - As primeiras sequências de A Proposta lembram, de maneira meio incômoda, as de O Diabo Veste Prada. Nos dois casos, temos a chegada de uma chefona dura de roer ao escritório, para aflição dos subordinados. Em Prada, Meryl Streep é a diretora de uma revista de moda. Em A Proposta, Sandra Bullock faz a executiva de uma editora em Nova Iorque. Os dois filmes, com tons e quantidade de talento bastante diferentes, procuram retratar a mulher que, num primeiro momento, chegou com força ao mercado de trabalho e, em novo passo, agora conquista postos de chefia. Como se comporta essa "nova mulher"? Incorpora traços do "caráter feminino" às novas funções ou, pelo contrário, os nega e age à maneira dos machões que antigamente as oprimiam?
Bem ou mal, Sandra Bullock é a tal executiva, adepta do relho como estilo de comando. Nesse tipo de trama sempre o que se segue é a descoberta de alguma fragilidade no personagem que exibe força de maneira desproporcional. Caso contrário, não haveria história. E a fraqueza da durona está no fato de ela ser canadense, ter esquecido de renovar seus documentos e, portanto, encontrar-se à margem da lei. Nesse ponto (nesse único ponto) o filme inova. Em geral, problemas da imigração são vistos pelo ângulo dos menos favorecidos.
Resta a Margaret Tate, a personagem de Sandra, um casamento de ocasião. E justo com o subordinado a quem ela mais oprime.
Como também o rapaz tem planos de subir na vida, aceita o arranjo. Só que um oficial da imigração desconfia e os dois terão de fingir que estão apaixonados, jogo de cena que incluirá uma visita à família do moço, que mora no Alasca, por ocasião do aniversário da matriarca do clã.
Trata-se de uma comédia romântica. E, entre as convenções do gênero, está a que determina que tudo deve acabar bem. Mas só depois de muitas peripécias e percalços.



