Ozzy Osbourne está completando 60 anos de vida e 40 de carreira. Seis anos após lançar "Down to Earth", o "príncipe das trevas" retorna com "Black rain", co-produzido por Kevin Churko, também co-autor das composições com Ozzy, e o fantástico guitarrista Zakk Wylde. Seu primeiro trabalho gravado sóbrio, segundo o cantor, é um disco sombrio e moderno, cuja artesania sonora arranjos, timbres, afinações colabora para o tom do álbum. Sua ótima banda, que ainda conta com Mike Bordin (ex-Faith No More) na bateria e Blasko (ex-Rob Zombie) no baixo, está afiadíssima. Entretanto, dentro de sua irregular carreira solo, "Black rain" não chega aos pés de seus três primeiros trabalhos ("Blizzard of Ozz", "Diary of a madman" e "Bark at the moon"), realizados entre 1980 e 1983, sua melhor fase.
Talvez o único que chegue perto, o álbum "No more tears", de 1991, já tem mais de 15 anos. "Black rain", depois de seis anos de espera, poderia ser mais relevante. Já a relevância de Ozzy, pai do metal junto com o Black Sabbath e primeiro headbanger da história, já foi mais do que comprovada. Não seria beirando os 60, e multimilionário, que ele se preocuparia com isto.
"Not going away" abre o disco muito bem, com Ozzy em ótima forma e toques de "Ministry encontra Dimebag Darrel" (ex-guitarrista do Pantera assassinado por um fã), além de um refrão ganchudo e um solo matador. Seu atestado de permanência no mundo do metal diz explicitamente que ele "não vai embora", o que é corroborado pela próxima faixa, "I dont wanna stop". "Black rain", com um início de gaita e dedilhado à la Coverdale & Page, é uma canção sobre guerra, que remete literariamente em alguns momentos a "War pigs", clássico de 1970. "Lay your world on me" e "Here for you" são aquelas típicas baladas de Ozzy. Ambas foram feitas para a esposa, Sharon, e falam sobre sua luta contra o câncer.
O álbum volta a ficar interessante em "The almighty dollar", com um bom riff e um baixão funkeado, cheio de groove, com direito ainda a "mosh part" e piano. Em "11 silver", na qual o peso continua, Mike Bordin desce o braço e há um solo com alma de Jake E. Lee fase "Bark at the moon". A ótima "Civilize the universe" começa como uma mistura de Infectious Grooves (cuja canção "Therapy" tem a participação de Ozzy nos vocais) e White Zombie. A música, com ecos de Limp Bizkit em pontos específicos, tem um refrão destruidor e um solo que não deixa pedra sobre pedra. "Countdowns begun", sobre o fim do planeta devido à uma guerra nuclear, antecede "Trap door" que, com algumas pitadas thrash, encerra o disco. ( clique aqui e ouça 'Trap door' )
Em "Black rain", Ozzy se recicla mantendo sua identidade ao mesmo tempo. Extremamente bem gravado e comercial, "Black rain" estreou em terceiro lugar na parada da Billboard. E, de fato, o álbum tem cinco músicas muito boas, aquelas em que há algo de "novo". Para quem não tem que provar mais nada a ninguém, é um ponto positivo, pois Ozzy poderia ter lançado um disco burocrático, o que não ocorreu. É perceptível a influência de Wylde e de seu projeto-solo, a banda Black Label Society. Além disso, os ecos de industrial, eletrônico e new metal sugerem que Ozzy está antenado com as "novas" tendências, sejam elas metal ou não. As diversas influências e referências em "Black rain" têm muito a ver com o poder que o Black Sabbath teve (e tem) nas composições de uma infinidade de bandas, sejam elas de industrial (Ministry, Nine Inch Nails), new metal (Korn, System of a Down), grunge (Alice In Chains, Soundgarden) ou thrash (Slayer, Metallica). Por isso, estas citações não devem ser encaradas como uma apropriação de trechos de obras alheias. O que o mestre Ozzy faz é, simplesmente, regurgitar sua própria obra. E as obras de seus discípulos.
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