Atri enfrentou as incertezas da nova idade para viver um momento de exposição pessoal e revisitação da carreira.| Foto: Antonio Wolff/LuxLab Studio
teatro
Stand Up and Down #tentativa4

Miniauditório do Guaíra (R. Amintas de Barros, s/nº), (41) 3304-7900. Dias 27 e 28 de fevereiro e 1º, 6, 7 e 8 de março, às 20 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa: 14 anos.

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Considerada uma das melhores atrizes do país, Rosana Stavis assistiu às provas da nova peça de Pagu Leal e sentenciou: “Pode levar ao teatro. Não tem ninguém fazendo isso que você fez”.

Stand Up and Down #tentativa4, que estreia nesta sexta-feira (27), simula o gênero que consta no título e até tem trechos de pura piada, mas é na verdade um “monólogo filosófico”, na definição de Pagu. Num pequeno palco irregular, ela se senta e levanta de um pequeno banco inúmeras vezes, na cadência do generoso relato que faz sobre a sensação de estar envelhecendo.

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O projeto foi iniciado há dois anos, quando Pagu contava 38 primaveras. Na época, resolveu abrir a caixa de pandora, aqueles embrulhos de cartas e textos antigos que exigem muita coragem para reler. Pois ela releu e encontrou não só bons materiais de sua pré-história como dramaturga mas também diários em que, estranhamente, não se reconhecia.

“Eu lia e pensava ‘mas quando eu escrevi isso?’”, diz.

Mesmo assim, foram coisas que ela incluiu na peça que revisita sua trajetória como escritora, atriz e diretora.

Conforme explica no palco, Pagu sentia falta de ritos de passagem e escolheu a mudança dos “inta” para os “enta” como seu momento diva. Jessica Lange e Vivien Leigh, Robert Altman, Almodóvar e Woody Allen sobem ao palco figuradamente para lhe fazer companhia.

Pagu também resgata os interesses em filosofia e literatura para homenagear os livros e ideias que a salvaram nessas quatro décadas, na alegria e na tristeza. Roland Barthes contribui com Fragmentos de um Discurso Amoroso – livro cabeça entre os amigos de Pagu nos anos 1990; O Banquete, de Platão, surge para abordar o tema do amor, que ela pesquisa há muito tempo, comprando todo livro que encontra sobre o tema.

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Em tempos de pornô light no cinema, Pagu resolve escancarar o passado e lê trechos de um “guia” escrito na juventude, com dicas de sexo oral.

E é sobre sexo que ela fala quando declama o único texto que não é de sua autoria na peça, valendo-se de Julio Cortázar em Tua Pele Mais Profunda.

Paraíso

A estratégia de testar o espetáculo de 55 minutos diante de amigos de ofício, há algum tempo, tinha relação com o conteúdo extremamente pessoal do que ela diz em cena – daí a insegurança natural de alguém impossibilitado de olhar objetivamente para si próprio.

As apresentações ocorreram num galpão em sua propriedade em Piraquara – chamado de Sociedade Poética, um local paradisíaco que, dizem, já recebeu até a performer Marina Abramovic em suas passagens secretas por Curitiba. Os amigos foram encorajadores e a lançaram para enfrentar, agora, o público geral do miniauditório do Guaíra.

Certamente haverá quem saia dizendo que viu mais um stand-up – mas, felizmente, com boas referências e nada de preconceito.

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“Acho que o stand-up só tem sentido se for sobre a gente mesmo. Não tem graça nenhuma ficar falando mal dos outros”, desabafou a atriz, após ensaio aberto à imprensa.

A estreia é a segunda peça em que Pagu atua após ter um filho, hoje com dois anos. Em 2014, ela estrelou A Curiosa História de..., também baseado num texto próprio.