A partir deste mês, a San Francisco Ballet School, na Califórnia, Estados Unidos, vai receber o bailarino paranaense Rômulo Castilho. Aos 16 anos, o jovem de Ponta Grossa é o único brasileiro selecionado para participar do curso de verão de uma das principais academias de dança no mundo. São três semanas em treinamento e depois um novo teste para escolher os dançarinos que ficam permanentemente na escola. Rômulo concorreu com 1.400 inscritos em todo os Estados Unidos.
A seleção aconteceu em janeiro. Ao saber do curso pela internet, o adolescente viajou para os EUA e se hospedou na casa de parentes para participar. Com pouco conhecimento da língua inglesa, durante a seleção ele entendia mais facilmente apenas o nome dos passos de balé solicitados pelo júri, que têm pronúncia familiar para o bailarino. “Foi uma alegria muito grande, eu não esperava passar”, diz.
Rifa de moto
Rômulo precisa estar em São Francisco no dia 12 de junho, mas a família ainda luta para garantir a viagem. Desde a divulgação do resultado, em fevereiro, os pais - um educador e uma dona de casa - buscam recursos para bancar as despesas com passagens aéreas e hospedagem. O jovem já recebeu ajuda de custo da academia de dança que frequenta em Ponta Grossa e um desconto na hospedagem ofertada pela escola americana. Para ajudar, o pai do adolescente está rifando a própria moto e espera conseguir cerca de R$ 8 mil.
O jovem começou a dançar aos oito anos e parou por três, num período em que se dedicou apenas ao skate. Em 2014, incentivado por uma amiga, retomou as aulas de dança na mesma academia e não parou mais. “Tem que sonhar grande, é isso que importa. Eu quero um dia ser profissional, dançar no mundo inteiro e, quando ficar mais velho, ensinar balé também”, diz.
Torcida
As professoras Camila Borch e Heloise Gomes são as maiores incentivadoras. As irmãs mantém uma academia de balé há 10 anos e é a primeira vez que têm um aluno aprovado em uma seleção internacional. “A torcida por ele era grande, mas nós não tínhamos ideia do resultado”, conta Camila. Desde então, elas aumentaram a intensidade das aulas com Rômulo.
O talento do adolescente foi identificado nos primeiros anos de prática. “Quando ele era pequeno, nós falamos para a mãe dele que ele deveria ir para o Bolshoi. É difícil para os pais tomarem uma decisão dessas quando o filho é criança, mas a gente sempre viu algo ali”, conta a professora. Rômulo estuda de manhã e ensaia à tarde, de segunda a sexta — algumas vezes aos sábados também —, no mínimo duas horas por dia. Camila acredita que a cidade ficou pequena para o bailarino. “Um aluno com potencial não pode ficar no mesmo lugar, tem que evoluir. Bailarino bom é do mundo, não é da gente.”
Como ajudar
É possível contribuir sem comprar a rifa. Os familiares de Rômulo criaram uma campanha de financiamento coletivo no vakinha.com.br. Para contribuir, é só acessar este link.
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