Debate
O blog Cinema em Casa, da Gazeta do Povo, questionou os internautas sobre qual a influência da indústria cinematográfica no comportamento de crianças e adolescentes e como lidar com o acesso dos jovens a filmes e games violentos. Confira algumas das respostas:
"Sou pai, já tenho dois filhos e procuro acompanhar e controlar o que eles podem ou não ver, e em quais horários. Não por medo de que eles se tornem psicopatas homicidas, mas pelo simples fato de que determinados conteúdos exigem maturidade suficiente para serem vistos. Melhor que proibir é explicar. Um filme ou um jogo, por si só, não vai transformar ninguém em homicida."
François Gnoatto
"Parece-me que a educação e os valores da família e da escola é que fazem a diferença. Meu filho de três anos me pergunta: por que é que o Thor ou o Capitão América estão batendo nos robôs? Eu respondo: porque os robôs são maus, mas bater nas outras pessoas é sempre errado. No fim, estes filmes podem, às vezes, mostrar certos tipos de virtude."
Claudio Sehnem
"Como permitimos que crianças e adolescentes vejam diariamente, sem a mínima reflexão, programas e filmes que mostam comportamentos completamente diferentes daqueles que defendemos? Não podemos acreditar que eles por si só farão tal reflexão."
Helen Vieira
"Dizer que filmes violentos não influenciam as pessoas equivale a dizer que filmes bons e educativos também não exercem influência nenhuma. Será que concordamos com esse oposto?"
Luiz
"Acredito, pessoalmente e profissionalmente, que as maiores influências vêm da forma que somos criados. O problema é que muitos pais acham que a tevê educa, que filmes são meros passatempos para os filhos calarem a boca, que videogames são compensação pela falta de carinho e tempo. Aí é impossível qualquer criança crescer equilibrada."
Lauro
Em uma época em que uma criança ou adolescente com um notebook e conexão à internet pode baixar qualquer filme ou série de dentro do quarto, o acompanhamento dos pais é visto como fundamental para "filtrar" conteúdos e ajudar o jovem a interpretar o que vê na tela. Levantamento do site TorrentFreak mostra que, ano passado, séries de tevê com forte apelo visual e temática adulta foram as mais visadas pelos internautas no topo da lista de downloads ilegais estão os seriados Game of Thrones, Breaking Bad e The Walking Dead.
Entre psicólogos e pediatras, há consenso de que quando pais acompanham o que os filhos veem na televisão e fazem comentários a respeito, criticando ou justificando o que é mostrado, as crianças tendem a ser menos influenciadas de forma negativa pelo conteúdo. Nesse sentido, considerando o fácil acesso a imagens inapropriadas, o ideal não é simplesmente restringir o contato, mas sim esclarecer o que está sendo mostrado na tela e reforçar que certas atitudes e ações não são exemplos a serem seguidos.
Em um estudo publicado na revista da American Psychological Society (APS), pesquisadores de oito universidades norte-americanas reforçam que as chances de uma criança agir de forma agressiva após assistir a algum filme ou programa na tevê são maiores quando o adulto que a acompanha não faz qualquer comentário sobre as cenas de violência vistas. Ou seja, calar é tão perigoso quanto não fazer qualquer restrição. "Como os pais controlam o que seus filhos veem e o que os pais fazem quando suas crianças veem violência parece ser mais importante em amenizar os efeitos da observação da violência do que as próprias características dos pais em si", afirmam os estudiosos.
"Uma criança com dois, três anos, vai ter de ouvir não dos pais, porque alguns conteúdos ela não vai entender ou saber como interpretar. A partir do momento em que ela começa a desenvolver um senso crítico e pergunta o porquê daquilo estar sendo mostrado, aí os pais devem passar a responder", afirma o psicólogo e psicoterapeuta curitibano Tonio Luna.
Violência também serve de tema para produções cinematográficas
Apesar de a violência estar presente no cinema norte-americano majoritariamente como um recurso estilístico e instrumento para representar o gênero de ação, algumas produções se notabilizaram por dar o passo adiante e discutir a influência dessa mesma violência na cultura popular seja dentro e fora dos EUA. Clássico instantâneo, Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick, acompanha os atos do sádico Alex e seus amigos em uma sociedade que apela a métodos nada ortodoxos para conter a onda de crimes praticados por jovens. A corajosa adaptação de Kubrick do livro de Anthony Burgess chegou a ser indicada aos Oscar de melhor filme e direção, mas acabou renegada pelo próprio diretor diante da reação exacerbada de alguns espectadores, que passaram a ameaçar o cineasta e sua família o filme foi banido do Reino Unido por Kubrick e só voltou a ser exibido no país após sua morte.
A obsessão do público e da mídia por aqueles que praticam crimes também é discutida no igualmente polêmico Assassinos por Natureza, road movie dirigido por Oliver Stone com base em um roteiro de Quentin Tarantino. Em uma sequência emblemática, Mickey e Mallory, dois criminosos que motivam uma caçada policial pelo país, são retratados como os protagonistas de uma sitcom em que o público vibra quando o rapaz dá cabo dos pais de sua amada. O filme também escancara o apelo absurdo junto ao público de programas sensacionalistas, que tratam serial killers e assaltantes como celebridades.
A fixação pela violência é outro tema presente em obras do diretor alemão Michael Haneke. Um de seus filmes mais provocativos ganhou o sugestivo título de Violência Gratuita no Brasil (o título original é Funny Games). Na obra, escrita e dirigida por Haneke, dois jovens, aparentemente dóceis e inofensivos, aterrorizam uma família durante um fim de semana torturando um casal e seu filho. Em uma cena-chave, um dos jovens faz o filme "voltar no tempo" com a ajuda de um controle remoto, para impedir que seu companheiro seja morto. Ao fim, os dois jovens saem incólumes do episódio e, com a cumplicidade do espectador, partem para sacrificar outra família sem espaço para um final feliz ou edificante.
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