A arte de Maria Luiza Kozicki não poderia ser outra. Depois de 12 anos dedicados às aulas de piano, por vontade dos pais, ela admite: "Hoje não toco uma escala". A música permaneceu apenas como inspiração para as artes visuais estas sim, a sua forma de expressão, que descobriu aos 4 anos e nunca mais abandonou. Três criações dessa artista "nata" se sobressaem entre móveis e peças decorativas que ocupam a Casa da Cor 2007 e podem ser vistas até julho.
As esculturas em metal ("Polvo") e tecido ("Água") e a tela da série "Rosas para Um Amor Eterno" são uma pequena amostra do que a artista catarinense, residente em Curitiba, produziu em mais de duas décadas de carreira bem-sucedida. Maria Luiza já expôs em individuais na Alemanha e tem obras espalhadas de Israel ao Japão. Seu reconhecimento se deve à personalidade que imprime às cores e às pinceladas.
A maior preocupação da artista é integrar à arte o humano e a natureza. São marcantes em sua carreira os quadros de paisagens imaginadas, que o amarelo vibrante enche de luminosidade, enquanto as pinceladas largas e revoltas iludem movimento. A vida estática não lhe interessa, tanto que condena o aprisionamento do artista em um modelo expressivo apenas. O gosto pela mutação é visível na alternância de estilos que Luiza assumiu durante sua trajetória artística. Impressionismo, abstracionismo, expressionismo e neo-expressionismo são alguns dos rótulos que já lhe couberam.
Embora sejam perceptíveis as semelhanças de sua obra com a de Van Gogh, tanto na predileção pelo azul e amarelo quanto nas pinceladas sinuosas, a artista não reconhece no próprio trabalho a influência do mestre holandês a menos que inconsciente. Sua maior referência declarada na pintura é Pablo Picasso, de quem não se aproxima no estilo.
O amarelo e o azul compõem com o vermelho a paleta de cores principais da pintora. Verde, laranja e violeta, conseqüências das combinações entre as primárias, realçam a riqueza cromática que lhe é a maior característica. "As pessoas ainda têm restrições com as cores", diz. "Têm medo porque a cor mexe com elas. Eu sou muito sensível à cor". Curiosamente, a artista já experimentou os efeitos dos mais variados estilos musicais como trilha sonora de seu momento de criação. E constatou que suas obras criadas ao som de rock são menos coloridas do que as embaladas por música clássica.
Uma das fascinações de Luiza além do "vermelho da paixão" é figura humana, o que a levou a pintar auto-retratos de nus. Com os cabelos soltos e a expressão facial de suave deleite, suas mulheres despidas parecem revelar algo de mais profundo sobre o ser humano, sua beleza e harmonia. Atualmente, a artista não tem pintado nus, mas confessa que pretende voltar ao tema.
O ofício da arte a sustenta há 20 anos, o que reconhece ser um privilégio. "Tenho amigos artistas que não têm o que comer", diz. O retorno financeiro de suas criações deve-se à ideal combinação de sorte, determinação e recursos para investir em formação no início da carreira. Luiza cursou a faculdade de História e estudou na Academia de Belas Artes de Munique, na Alemanha, em três anos de imersão cultural. A viagem foi um dos muitos desejos que a artista já conseguiu realizar. "Tudo o que é realidade hoje, já foi sonho", diz.
Serviço: Casa Cor Paraná 2007 (Rua Vicente Machado, 1.794 e 1.800). Terça a domingo, das 13 às 21 horas. Até 8 de julho. Ingressos a R$ 20, R$ 18 (clientes Credicard Citi), R$ 10 (estudantes com carteira da UNE-UPES-UBES e idosos).
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