Programe-se
Palavras, Palavrinhas, Palavrões Ana Maria Machado, em conversa com Silio Boccanera
Palacete Sociedade Garibaldi (Praça Garibaldi, 12, São Francisco), (41) 3527-5400. Hoje, às 19 horas. Os ingressos podem ser retirados até uma hora antes da sessão nos locais dos debates (sujeito a lotação). A programação completa do evento pode ser conferida no site www.litercultura.com.br
A escritora Ana Maria Machado conta que aprendeu a ler "sozinha", pouco antes de fazer cinco anos. "Vivia imersa num ambiente de gente que lia e queria seguir o exemplo", lembra, em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo. O pai era jornalista e a mãe professora que trabalhava numa biblioteca. "Contavam histórias para mim e eu queria ler por conta própria os livros que tínhamos em casa. Quando aprendi a ler, ganhei Reinações de Narizinho [de Monteiro Lobato] e li com avidez, devorando", conta.
Desde então, Ana Maria habita o universo das palavras. Tanto em seu trabalho como professora, escritora e jornalista, como nos 25 anos em que se dedica a um trabalho de promoção da leitura, que inclui seminários na Unesco e em outros organismos de fomento à leitura em diferentes países.
Ana participa hoje do festival Litercultura, em uma conversa com o jornalista Silio Boccanera cujo tema é exatamente "Palavras, Palavrinhas e Palavrões". É o mesmo título de um premiado livro infantil (Editora FTD, 1998) de Ana Maria que conta a história de uma menina que colecionava palavras e não entendia porque algumas eram feias e outras não. Uma dúvida que também ainda assalta a autora.
"Acho que todos somos poliglotas em nossa própria língua e podemos usar o idioma de diferentes formas conforme a situação: no ouvido da namorada será diferente de diante da mesa do patrão ou na arquibancada do estádio", explica.
Ela também não faz distinção entre as palavras: todas são igualmente importantes. "Há a hierarquia apenas do grau: normal, aumentativo, diminutivo."
Ao contrário de sua personagem, a escritora garante que não coleciona as palavras. "Eu as uso para me comunicar e me expressar, com critérios diferentes para escolhê-las em cada caso", conta.
Léxico
Como atual presidente da Academia Brasileira de Letras e, portanto, a guardiã chefe das sutilezas da língua de Machado de Assis, Ana Maria não se posiciona ao lado daqueles que acreditam que a internet e as diversões eletrônicas em geral sejam vilões que atacam a pureza do idioma. "A internet é uma ferramenta de comunicação que amplia o universo dos comunicadores que a usam. Todos se comunicam e se expressam com as palavras de que dispõem e inventam. Não acho que a riqueza lexical seja necessariamente superior", analisa.
Atrações
Na programação do Litercultura neste sábado há debates à tarde com os escritores Gonçalo M. Tavares, Cristovão Tezza, Miguel Sanches Neto e outras atrações musicais e de artes visuais.