O movimento de artistas brasileiros, encabeçado pelos baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil, denominado Tropicália, é o tema da palestra da nova edição do projeto Ciclo de Música, promovido pelas Livrarias Curitiba. O tema "Tropicália, 40 Anos: A Alegria é a Prova dos Nove e a Tristeza é Teu Porto Seguro", será abordado pelo historiador José Roberto Braga Portella, nesta terça-feira (25), às 19 horas, com entrada franca. O que foi
Consideradas como marcos oficiais do movimento Tropicalista, que surgiu em 1967, as canções "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, e "Domingo no Parque", de Gilberto Gil, chegaram ao público provocando polêmica no III Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record, em outubro de 1967. As guitarras elétricas da banda argentina Beat Boys, que acompanhou Caetano, e a atitude roqueira dos Mutantes, que dividiram o palco com Gil, foram recebidas com vaias e insultos pela chamada linha dura do movimento estudantil. Para aqueles universitários, a guitarra elétrica e o rock eram símbolos do imperialismo norte-americano e, portanto, deviam ser rechaçados do universo da música popular brasileira.
No entanto, não só o júri do festival, mas grande do público aprovou a nova tendência. A canção de Gil saiu como vice-campeã do festival, que foi vencido por "Ponteio", de Edu Lobo e Capinam. E, embora tenha terminado como quarta colocada, "Alegria, Alegria" tornou-se um sucesso instantâneo nas rádios do país, levando o compacto com a gravação de Caetano a ultrapassar a marca de 100 mil cópias vendidas.
EstéticaO diferencial da Tropicália é que o movimento usou elementos mais variados nas canções, dos arranjos mais diferentes, desde o clássico ao baião, acrescentando também elementos pop, usando nas letras diferentes colagens visuais e discussões estéticas, além de pensamentos revolucionários. Diferente da Bossa Nova, estética vigente na época, que introduziu uma forma original de compor e interpretar, a Tropicália não pretendia sintetizar um estilo musical, mas instaurar uma nova atitude. Embora marcante, o movimento era visto por seus adversários como "vago" e sem comprometimento político, comum à época em que diversos artistas lançaram canções abertamente direcionadas ao regime militar. Contudo, os cantores do período acreditavam que a experiência estética vale por si mesma e ela própria já era um instrumento de mudança social.
Mas o movimento só passou a ser chamado de Tropicalista a partir de 5 de fevereiro de 1968, dia em que Nelson Motta publicou no jornal Última Hora um artigo intitulado "A Cruzada Tropicalista". Nele, o repórter anunciava que um grupo de músicos, cineastas e intelectuais brasileiros fundara um movimento cultural com a ambição de alcance internacional.
Na década de 80, o paranaense Arrigo Barnabé, principal representante de uma chamada "vanguarda paulistana", levou adiante a irreverência, a experimentação e a invenção tropicalista no seu disco de estréia "Clara Crocodilo".
Serviço: Palestrta: "Tropicália, 40 Anos: A Alegria é a Prova dos Nove e a Tristeza é Teu Porto Seguro", com o historiador José Roberto Braga Portella. Terça-feira (25) às 19 horas. Livrarias Curitiba Shopping Estação. Entrada franca.
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