Todos os anos, no começo do inverno, os bonecos migram para o Sul. Não só os nascidos no Brasil como também alguns que habitam terras estrangeiras. Eles vêm em busca de público e da convivência com espécies semelhantes, nos palcos do Guaíra. Neste ano, no 15.º Festival Espetacular de Bonecos, 22 grupos são parte da corrente migratória que acaba de chegar a Curitiba. Três deles vêm de fora do país. Outros oito vieram de variados estados brasileiros. E 11 tiveram de fazer uma viagem mais curta são daqui mesmo, do Paraná.
O festival de bonecos já é uma tradição na cidade. Foi criado no começo dos anos 90, por Laerte Ortega. De certa maneira, a mostra sempre acompanhada de palestras, debates e até de um congresso que elege a diretoria da Associação Brasileira de Teatro de Bonecos tem a ver com o próprio desenvolvimento da arte no país. Em décadas anteriores, o teatro de bonecos brasileiro tinha bons momentos, mas era associado apenas ao teatro infantil e ainda não tinha o grau de profissionalismo que tem hoje.
O que prevalece atualmente é o teatro de bonecos mais elaborado, seja para crianças ou para adultos. E o festival reflete a melhora de qualidade. "Neste ano, temos uma programação pequena, mas de muita qualidade", afirma Nena Inoue, diretora-artística do Guaíra, lembrando que para estender a mostra seria necessário ter mais dinheiro, coisa de que a cultura nem sempre dispõe no país. Para Nena, várias novidades fazem o festival deste ano ser importante. A primeira delas é a seleção apenas de peças que nunca participaram do festival. Em anos anteriores, havia a possibilidade de convidar montagens que tinham feito sucesso em outras edições. Agora, a tentativa é de trazer grupos que obtiveram bons resultados antes, mas sempre com novos trabalhos.
Outra novidade é o incremento do número das peças de rua, que garantem o caráter popular da festa. "Mesmo quando fazemos dentro do teatro, cobramos ingressos populares. Mas, desde o ano passado, decidimos tentar usar uma lona e agora vamos fazer isso durante todo o festival", afirma. Segundo Nena, essa é uma tentativa de tornar o festival cada vez mais conhecido. Afinal, o evento curitibano de bonecos é o mais importante do gênero no país. Mas, ao contrário do Festival de Teatro de Curitiba, que tem aproximadamente a mesma idade, possui um marketing menos empolgante. O público da cidade costuma encher os teatros para ver os bonequeiros, porém a imagem do festival é muito menos consolidada do que a de seu célebre irmão mais forte.
Há, ainda, o primeiro prêmio de estímulo dado ao teatro de bonecos. Grupos de todo o país poderão inscrever projetos de pesquisa na área e concorrer aos R$ 12 mil que o Guaíra dará ao primeiro lugar. A idéia pode ser montar um espetáculo ou não. Também serão aceitas propostas de livros ou documentários sobre o tema, por exemplo, ou qualquer outra forma de estudo que tenha a ver com o teatro de bonecos no país. O regulamento do prêmio ainda não está pronto, mas será divulgado em breve.
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