Agenda
Confira algumas das peças em outros idiomas que integram o Fringe:
Mais Uma, Mais Uma, Mais Uma, Mais Uma, Mais Uma... Espanha
Frente a Frente com Deus Moçambique
Monstro Parte 1: Calamidade e Parte 2: Hecatombe Portugal 1325 Portugal
Histórias de Animais para Outros Que Tais Portugal
Cuidado!, un Payaso Malo Puede Arruinar Tu Vida Buenos Aires
Zero Brasil, em inglês
Temor e Tremor França
"Gringas"
Temor e Tremor
Sala Londrina Memorial de Curitiba (Largo da Ordem), (41) 3322-1525. Dia 25 de março, às 20 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
Zero
Coletivo de Pequenos Conteúdos. TUC Teatro Universitário de Curitiba (Galeria Julio Moreira Largo da Ordem, 30), (41) 3321-3312. Dia 2 de abril, às 22 horas; 3, às 13 horas; 4, às 16 horas; 5, às 19 horas e 6, às 22 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
O uso do teatro no ensino de idiomas não vem de hoje, mas neste Festival de Curitiba duas iniciativas levam esse princípio a um alto nível na programação do Fringe. Zero, do gaúcho radicado em Curitiba Don Correa, é toda em inglês e sem legendas, fruto de um trabalho contínuo do autor e diretor em escolas e empresas. Temor e Tremor, com a marroquina radicada na França Layla Metssitane, será apresentada numa espécie de pré-estreia do festival, a convite da Aliança Francesa e do Sesc Paço da Liberdade com legendas.
O espetáculo de Don apresenta ao grande público o ator nova-iorquino Brian Townes, há três anos em Curitiba. A dupla já trabalhou junta em Parido, que esteve em cartaz durante a mostra de dramaturgia do Sesi, em dezembro passado.
Para quem não domina o inglês, o diretor avisa que em sua dramaturgia "não importa tanto o que se fala, e sim o que a peça faz com o espectador", conforme contou em conversa com a Gazeta do Povo. Essa é a quarta peça que ele apresenta em inglês, colecionando espectadores desde a primeira. "Curitiba tem um público para peças em inglês", diz o autor, que estudou artes dramáticas em Pretória, na África do Sul.
No lugar de uma trama, há uma sequência de fragmentos que, de acordo com Don, "revelam algo não consciente no ser humano".
Para quem quer se aprimorar no idioma, é a chance de conhecer um trabalho local com "fala nativa".
O mesmo vale para Temor e Tremor, texto que os alunos da Aliança Francesa estudaram nas aulas e poderão ver encenado dia 25 de março, assim como todo o público curitibano.
A atriz marroquina Layla Metssitane adapta num monólogo o romance Stupeur et Tremblements, de Amélie Nothomb (1999), em que a escritora belga faz um relato dilacerante de sua experiência numa corporação do Japão, onde, apesar de falar o idioma, foi proibida de pronunciar-se, para não afastar os clientes, e rebaixada até ver-se limpando privadas. A obra virou filme em 2003.
Como estrangeira na França, Layla conta identificar-se com as personagens do romance, tanto a protagonista Amélie quanto Fubuki, sua chefe.
"Havia [para mim] uma passarela cultural entre o Japão e o Marrocos", explicou a atriz em entrevista por e-mail à reportagem (leia mais abaixo).
Apesar do tom altamente sarcástico do texto, ela enxerga que "o romance não é um ataque, nem um julgamento de valor e dos usos e costumes japoneses. É, pelo contrário, uma visão humilde de uma jovem confrontada com um novo mundo. A mensagem poderia ser: observemos bem, escutemos bem, antes de julgar o outro".
Espanhol e sotaques
Outras peças do Fringe são encenadas em espanhol, como Mais Uma, Mais Uma, Mais Uma, Mais Uma, Mais Uma... e Cuidado!, un Payaso Malo Puede Arruinar Tu Vida. Quem quiser ouvir outros sotaques do português terá prato cheio também, com peças da terrinha, como 1325, Histórias de Animais para Outros Que Tais e Monstro Parte 1: Calamidade e Parte 2: Hecatombe, e de Moçambique (Frente a Frente com Deus). Os grupos que participam da mostra alternativa vêm por conta ao festival e recebem alguma ajuda de custo ao chegar. Consulte o guia do festival (www.festivaldecuritiba.com.br) para mais informações.
"A mulher no palco é livre, feminina"Leia o depoimento exclusivo da atriz Layla Metssitane à Gazeta do Povo sobre a peça Temor e Tremor, que será apresentada em francês:
"Minha adaptação [do romance de Amélie Nothomb para o teatro] partiu principalmente da relação entre aquelas duas mulheres de culturas diferentes e da relação homem mulher no mundo do trabalho. Existe um claro abismo em todas as sociedades entre homens e mulheres, especialmente no setor do trabalho.
Abordei a montagem a partir de minha cultura. Sou de origem marroquina (árabe e berbere). Não é confortável colocar-se em cena, e o mais fácil foi partir de minha cultura materna. Não sou nem belga, nem japonesa. Mas há pontes com a cultura japonesa (principalmente em relação à condição da mulher). Os códigos ocidentais são muito mais visíveis em comparação com os orientais. A noção do que é visível e invisível, o vazio, o ritual e o gesto são coisas que me tocam.
Então, na primeira e na última cena, busco elementos, emoções, lembranças de minha infância. Como quando minha avó e minha mãe me ensinaram a colocar o khôl (pintura dos olhos), fazer pão, o ritual das abluções, a beleza do gesto pequeno, as respirações interiores. Na primeira cena, eu visto um niqab (véu preto que cobre todo o corpo, com exceção dos olhos) e aos poucos eu me transformo em japonesa aos olhos do público. No final estou de novo com o niqab. A mulher no palco é livre, feminina."
Tradução: Helena Carnieri
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