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Sempre que se fala do Grupo Fato, alguém menciona que o conjunto tem um pé no fandango paranaense. Bem lembrado. O problema é que definir a música do Fato é como descrever uma centopéia. Seus pés se estendem para onde houver música, tentando incorporar referências em uma fusão que, tudo menos bairrista, tenta abraçar o mundo para lhe imprimir uma cara muito própria. Tem espaço para todo o mundo, do samba ao fandango, do erudito ao pop mundial, em um processo redentor que congrega uma diversidade de elementos e estilos musicais.

Quem tiver interesse, poderá conhecer a experimentação mais recente no disco MUSICAPRAGEADA, que o Fato lança amanhã, às 21 horas, no auditório do Guairinha, em Curitiba. O nome do disco é desse jeito, com todas letras maiúsculas e juntas. Como colocou Marcelo Sandmann, letrista de algumas músicas do disco, "por vezes o frio aqui é tão forte, que até as palavras, transidas, aconchegam-se umas nas outras, esfregando letra com letra, numa cópula de sílabas, a ver se do atrito não colhem o calor necessário", explica. A tipografia que está na capa do disco também é indicativa, "uma colagem" na definição do instrumentista Ulisses Galetto, que mescla diferentes cores e fontes para representar o som que está no disco.

Em conversa com a reportagem do Caderno G durante um ensaio, na terça-feira, Priscila Graciano, Grace Torres, Zé Loureiro Neto (que no show serão acompanhados ainda por Alexandre Nero e Gilson Fukushima) disseram que o lançamento poderá trazer surpresas para os fãs de longa data. Isso porque as músicas capricham na exploração de arranjos usando vias pouco vistas nos trabalhos anteriores. É o caso de elementos eletrônicos, como samplers e grooves, incorporados para costurar vozes e passagens. "Mas não se trata de música eletrônica", avisa Neto, querendo deixar o assunto bem esclarecido.

É criação de Neto (ou Zé, como chamam os amigos) o batedor manual de tamancos que será usado no espetáculo de amanhã. A sonoridade do instrumento, típico do fandango paranaense, que já vinha sendo explorada pelo grupo, passa a integrar definitivamente o set de percussão do Fato. "Gostaríamos de ver os tamancos usados no país inteiro, por sua sonoridade, que é tão interessante, e também por sua praticidade", conta Grace Torres.

As composições continuam prestigiando autores paranaenses, tendo como novidade as parcerias com Neuza Pinheiro, e Augusto de Campos, além de Luiz Felipe Leprevost, Paulo Rosa, e Tadeu Wojciechowski. A apresentação de amanhã, dirigida por Jacqueline Daher, buscará deixar à mostra as individualidades musicais dos seis integrantes, por meio dos figurinos (de Maria Angélica Sanches), mantendo, ao mesmo tempo, uma atuação coesa. Outros recursos cênicos incluem a projeção de vídeos de Marcos Davi e iluminação de Nadja Naira.

Serviço: Show e lançamento do disco MUSICAPRAGEADA. Guairinha (R. XV de Novembro, s/n.º), (41) 3315-0979. De 11 a 14, às 21 horas. Ingresso a R$10 e R$5 (estudantes). Informações: www.fato.org.

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