Para quem não gosta de teatro

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A peça Morgue Story, Sangue, Baiacu e Quadrinhos volta ao cartaz neste fim de semana para uma microtemporada de três apresentações. A narrativa veloz, referencial à cultura trash, quadrinhos e cinema – notadamente o de Quentin Tarantino – foi bem recebida nos festivais e premiações de 2004. A remontagem do espetáculo está sendo apoiada pela Caixa Econômica Federal, que promete destinar 70% da verba das bilheteria ao programa Fome Zero.

De acordo com o diretor e autor da peça, Paulo Biscaia Filho, trata-se de um espetáculo "para quem não gosta de teatro", uma definição que cunhou na estréia da peça, em abril de 2004. "Eu estava insatisfeito com muita coisa de teatro, que tinha se tornado padrão e clichê, e resolvi fazer algumas coisas que talvez não tivessem nada a ver com o teatro, mas eram as coisas de que eu estava carente, não como diretor, mas enquanto espectador", explica.

A trama enfoca o doutor Torres, um maníaco sexual cuja perversão é envenenar mulheres com uma poção secreta que mistura narcóticos e uma toxina do peixe baiacu, preparada por sacerdotes vodus haitianos. As vítimas são levadas à catalepsia – estado aparente de morte – e encaminhadas para o necrotério. Lá, são violentadas e mortas por Torres, insuspeito, porque as moças já estavam supostamente "mortas". Os problemas surgem quando um cataléptico, ironicamente um vendedor de seguros de vida, acorda da morte.

A receptividade da crítica e do público superou as expectativas. Foram 32 apresentações seguidas da estréia no Espaço 2, outras 20 no Teatro José Maria Santos, nos meses de novembro e dezembro, e ainda ganhou cinco prêmios Gralha Azul. "Foi a coisa mais inesperada do mundo. Se alguém me dissesse, há um ano, que uma peça que fala de zumbi e um tarado num necrotério iria ganhar o prêmio de melhor espetáculo, não acreditaria. Mas conseguiu, não entendi bem o porquê e não vou questionar", afirma o diretor. (NM)

Serviço: Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 3321-1999. Hoje, às 21 horas. R$10 e R$5 (estudantes, idosos e classe artística).