Para refletir sem subestimar

Se a morte de um animal de estimação é capaz de derrubar um adulto de tanta tristeza, imagine o que se passa pela cabeça de uma criança que, de repente, fica sem seu companheiro de brincadeiras? A efemeridade da vida, o sentimento de perda e como lidar com a ausência podem parecer temas tristes para serem discutidos com os pequenos, mas a Cia. do Abração o faz com muito cuidado e sensibilidade na peça Clarice Matou os Peixes. Premiada com o Troféu Gralha Azul de melhor espetáculo infantil no ano passado, a montagem abre neste domingo, às 11 horas, a programação do Projeto Teatro para Piás e Gurias, no Teatro José Maria Santos (Veja o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo).

A peça foi inspirada em dois textos da escritora Clarice Lispector (1920-1977): A Mulher Que Matou os Peixes, sobre uma personagem que, acidentalmente, mata os dois peixinhos vermelhos dos filhos ao esquecer de alimentá-los; e A Vida Íntima de Laura, que aborda temas como o medo de morrer, o racismo e o fato de que, mais importante do que ter beleza e ri­­­queza, é ter um talento, seja ele qual for.

Assim, assuntos que fazem parte da vida de adultos e crianças, mas que ainda são considerados complexos demais para o universo infantil, são levados ao palco sob direção de Letícia Guimarães e a partir dos personagens Clarito, Clarão e Esclarecida.

Enquanto discutem quem é o culpado pela morte de seus peixinhos, os três compartilham experiências e sentimentos relativos à perda de seus animais de estimação. Tudo isso sem subestimar a inteligência das crianças, muito pelo contrário, incentivando sua imaginação e convidando-as à reflexão. Os ingressos custam R$ 5. Crianças de até 12 anos têm entrada franca.