“Mudança Geral”: quadro do Fantástico propõe hábitos sustentáveis à família Meneghini| Foto: Zé Paulo Cardeal/ TV Globo

"Eco-realities"

Saiba mais sobre os reality shows "Mudança Geral", quadro do Fantástico, e EcoPrático, da TV Cultura.

Mudança Geral

O que é: reality-reportagem sobre a família Meneghini, monitorada 24 horas por três câmeras, para testemunhar hábitos errados e tentar corrigi-los.

Apresentadores: Zeca Camargo e Patrícia Poeta introduzem a série no Fantástico, mas não há apresentador na casa.

Quando: domingos, no Fantástico, após o Domingão do Faustão.

Onde: Rede Globo.

EcoPrático

O que é: o primeiro reality da TV Cultura, visita uma casa a cada episódio, analisa hábitos e faz consertos úteis para que a residência seja sustentável.

Apresentadores: a cantora Anelis Assumpção e o jornalista Peri Pane.

Quando: domingos, às 19 horas; com reprises às terças-feiras, às 19h30.

Onde: TV Cultura.

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EcoPrático: primeiro reality show da TV Cultura avalia dez casas a partir de
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São Paulo - A edição empilha cenas de geleiras derretendo, enchentes homéricas, tempestades cinematográficas. A voz de Zeca Camargo então surge com uma lista: "Aquecimento global, efeito estufa, colapso de energia’’. Entra uma vinheta à moda Big Brother Brasil: o rosto de quatro participantes está estampado em close num labirinto por onde a câmera circula em movimentos ágeis. E, assim, lá vem um novo reality show. Agora, em família e com causa. É "eco-reality’’, versão jornalística do formato, que o Fantástico exibirá em episódios de 20 minutos, durante um mês. "Mudança Geral’’ é um programa "eco’’ – algo como o prefixo do momento.

É eco também o primeiro reality show da história da TV Cultura, o EcoPrático. Mas, enquanto a versão da Globo se dedica aos mesmos "participantes’’ (uma família da zona sul de São Paulo, os Meneghini), este cuida de uma casa a cada episódio. E, exceto pelas vinhetas, pela participação do público e pelas câmeras do programa global, nem um nem outro tem a estrutura de um BBB: a casa monitorada é a de uma família ou pessoa comum, ainda sem a cultura eco. A proposta é justamente a de fazer com que tenham hábitos mais sustentáveis, como separar o lixo para reciclagem, economizar água e luz – caso contrário, lembraria Zeca Camargo, "aquecimento global, efeito estufa...’’ –, melhorar a alimentação, entre outras, digamos, ecoquestões.

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"Sustentabilidade: agora todo mundo fala disso’’, diz Anelis Assumpção, no início de cada episódio do EcoPrático. Nele, cada família é avaliada em dez "ecocritérios’’ (energia, água, alimentação, resíduos, estrutura, ecossistema, bem-estar, consumo, transporte e atitude) e deve aplicar a si mesma uma "econota’’ de zero a dez. Há ainda o "ieco’’, índice que sinaliza quão eco são as atitudes e rotinas de cada morador da casa, e uma "ecoterapia’’ ao fim do episódio, para que o participante diga o que aprendeu – se é que aprendeu algo.

Por exemplo, Leonardo Musa teve sua casa visitada pelos apresentadores, Anelis e o jornalista Peri Pane, e dois consultores. Teve seus hábitos avaliados (pretendia se dar "econota’’ zero, mas foi convencido de que merecia mais, um três), seu apartamento no Copan, no centro de São Paulo, teve infiltrações e piso consertados, ganhou cortina no quarto (entra no "ecocritério’’ bem-estar), teve paredes pintadas, entre outros ajustes. Na hora da "ecoterapia’’, disse não ter mudado em nada seus hábitos e que achou "legal’’ a reciclagem feita no próprio prédio, mas que, não, nada disso iria "salvar o planeta’’. Leve e divertida, a edição do EcoPrático incluiu alarmes que soavam a cada frase "antieco’’ do personagem.

Agenda positiva

Para chegar às dez casas da primeira temporada do EcoPrático, 80 foram avaliadas pela produção e pelos consultores (além da jornalista Maria Zulmira, a Zuzu, há o arquiteto "sustentável até o teto’’ Francisco Lima). Há de residência em condomínio fechado no Morumbi, à família de baixa renda em Embu das Artes ou a quitinete do Copan. O que não varia, diz o criador do projeto, o publicitário Guto Carvalho, é trabalhar com "agenda positiva’’. "Não somos ‘ecochatos’. Em vez de dizer que estão queimando as florestas, dizemos: ‘Olha como são bonitas as florestas’’’, afirma Carvalho. "Damos instrumentos para que as pessoas decupem sua vida em sistemas de relação. Falamos do ecossistema de casa, não da Amazônia.’’

Já a série do Fantástico, chamada pela Globo de "reality reportagem’’, vem na esteira de outra, de consultoria financeira, que atendeu a família Amorim. E tem um tom mais "ecochato’’: além de exibir cenas de catástrofe, compara as questões da família Meneghini às médias brasileiras. Se cada um dos quatro moradores da casa produz 400 gramas de lixo por dia, por exemplo, surge a média paulistana em um infográfico na tela: uma pessoa na capital gera, em média, de 700 gramas a 1 quilo de lixo em um só dia. "Não vamos dizer: ‘Façam isso ou aquilo’. As metas vão ser decididas com base na análise dos especialistas ("Mudança Geral" tem cinco consultores). Nesta semana, vão bem na água, por exemplo, e mal no lixo. O público poderá decidir qual é a área que a família deve atacar primeiro’’, explica Frederico Neves, diretor da série. Para ele, na moldura de um reality o debate eco fica mais próximo do público. "Se ficarmos só na base do discurso imperativo, as pessoas tendem a se cansar’’, avalia.

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