Para ver com a alma aberta

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Sem qualquer perspectiva de que retorne para uma temporada curitibana depois de "pronto", a Sutil Companhia faz quatro ensaios abertos do espetáculo Cinema (clique e confira o serviço da peça), pela Mostra Contemporânea do Festival de Curitiba, hoje e amanhã, às 19 e 21 horas, no Guairinha. Parte, em seguida, para São Paulo, onde acontece a estreia efetiva no Sesi, dia 26 de março.

Foi a questão de como o crítico que há em cada um de nós – fruidores – se porta ao travar con­­tato com manifestações artísticas o que guiou Felipe Hirsch a conceber o espetáculo. Uma tentativa de apurar a sensibilidade alheia contra a "vulgaridade opinativa" e "o ato de ver com a alma fechada", como diz o diretor. Cinema é ambientado em uma plateia mobiliada com cadeiras vermelhas de uma antiga sala de projeção. Por essas fileiras circulam os atores, invocando distintos estados emocionais com os quais reagem à arte. Ao longo de três meses de ensaio em regime de internato no Espaço Cênico, em Curitiba, diretor e elenco (15 atores entre 19 e 30 anos escolhidos por um processo seletivo) imergiram na construção de um espetáculo conceitual. Sem muitas palavras, já que privilegia o ato de ver, mas com humor.

A peça toca também na ideia, inspirada em Arthur Miller, de que o espectador olha uma obra em busca de algo com que possa se identificar, e forma grupos com outras pessoas que tiveram uma experiência semelhante. "Ver e se indentificar é um ato de se tornar menos sozinho", diz Hirsch. (LR)

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