Há cinquenta anos, na tarde de 22 de agosto de 1965, estreava na tevê Record o programa “Jovem Guarda”. Comandado pelos astros Vanderléia, Roberto e Erasmo Carlos, o programa deu visibilidade à uma agitação cultural que pela primeira vez colocou a “cultura jovem” na ordem do dia da sociedade brasileira.
A onda do iê-iê-iê se espalhou rapidamente pelo país e Curitiba e o Paraná não ficaram de fora. Ao contrário. Sem contar o eixo Rio de Janeiro e São Paulo, o Paraná foi um dos raros estados a conseguir destaque na cena musical voltada à “juventude” na década de 1960.
“Cada bairro de Curitiba, cada município do Estado possuía um conjunto que tocava em bailes e festas num momento raro da cultura paranaense, em que se produziu e consumiu música no Paraná”, observam os pesquisadores Joceli e Aimoré Arantes no livro ‘A (des) construção da música da cultura paranaense’’.
Organizador do livro que conta a história da música paranaense, Manoel de Souza Neto observa que o aparecimento do rock no Paraná aconteceu na década anterior e teve como momento chave o show do cantor americano Neil Sedaka em Curitiba. Porém, sem a rebeldia que marcou o início do gênero nos EUA.
“Por aqui, o rock colou na periferia, as famílias de classe média alta desprezavam o ritmo”, aponta Manoel Neto. “A jovem guarda foi uma espécie de domesticação do rock para o mercado do Brasil que deixava de ser rural para ser urbano. Ainda que se posicionasse contra tudo que era “careta”, a jovem guarda era feita por bons moços, bem-comportados”, diz.
Para ele o mérito da música jovem em Curitiba foi o espaço na mídia que ele conquistou. As principais rádios como PRB2, Guairacá e Marumby tinham programação 100% local e eram bem próximos da comunidade. “Algumas bandas surgiram e já foram direto para o rádio e para tevê”.
Ouça algumas pérolas da jovem guarda curitibana
Ídolos
A jovem guarda em Curitiba criou ídolos como Dirceu Graeser. Compositor e cantor pioneiro da música “jovem”, era boa pinta e tinha fã clubes femininos. Apresentador de rádio e tevê, começou com o Favoritos da Juventude na Rádio Clube/PRB2, uma espécie de programa voltado a este nicho de público.
No auge da popularidade o programa foi um desfile de calhambeques pelas ruas centrais de Curitiba que contou com a presença de Roberto Carlos e outros artistas importantes, segundo Paulo Mosimann, autor da biografia “Dirceu Graeser, a paz do pássaro”.
Outro nome fundamental foi Paulo Hilário, apresentador de rádio e tevê, e líder do grupo Metralhas. “No Paraná, eles eram os maiorais. Conquistava corações e incomodava a sociedade conservadora”, aponta Manoel Neto.
Ouça algumas pérolas da jovem guarda curitibana:
Meu Único Amor, compacto de Dirceu Graeser 1968
A Garota do Biquini Vermelho, compacto de Paulo Hilário (1964)
É Por Você, compacto gravado por Hilda Cristine (1964)
Clima e super-ricos: vitória de Trump seria revés para pautas internacionais de Lula
Nos EUA, parlamentares de direita tentam estreitar laços com Trump
Governo Lula acompanha com atenção a eleição nos EUA; ouça o podcast
Pressionado a cortar gastos, Lula se vê entre desagradar aliados e acalmar mercado